Sobre Espiritismo    
Claudio C. Conti    

MEDIUNIDADE

PARTE 1


A mediunidade é assunto que causa muita curiosidade e muitos questionamentos Afinal, o que é mediunidade? Quem é médium? Como saber se sou médium? Caso eu seja médium, o que deveria fazer?

1. O que é mediunidade?

A crença de que algo sobrevive à morte do corpo físico é compartilhada pela grande maioria das crenças religiosas, assim como a crença na existência de Deus. Se juntarmos ainda a idéia de que Deus é bom, racionalmente, não haveria motivo para que este “algo” que sobrevive fosse mantido isolado do “algo” que ainda permanece no corpo físico. Embora, à primeira vista, pareça uma idéia estranha, seria como se os povos dos diferentes países não pudessem se comunicar. Dito isto, mediunidade é o mecanismo pelo qual se mantém a comunicação entre os dois planos da vida, em ouras palavras, é a capacidade de comunicação entre o plano em que vivem os espíritos encarnados e o plano em que vivem os espíritos desencarnados.

2. Muitas pessoas se assustam quando cogitam de serem médiuns. Mediunidade é doença?

Absolutamente não. Mediunidade não deve ser confundida com doença, pois o doente necessita de tratamento médico, enquanto que o médium necessita de educação mediúnica. Não obstante, muitos equívocos ainda ocorrem, médicos diagnosticando a mediunidade como doença assim como, em Centros Espíritas, diagnosticando doentes como médiuns. O espírito Vianna de Carvalho, no livro Médiuns e Mediunidade, esclarece que “as formas corretas para distinguir-se um do outro estado são a observação da própria ocorrência...”

3. Existe preconceito com relação à mediunidade?

A humanidade é muito preconceituosa em geral e o preconceito com relação à mediunidade, muitas vezes, faz com que o indivíduo que vivencia certos fenômenos não procure auxílio, creditando que será considerado como louco. Na grande maioria das vezes, com um pouco de entendimento e empenho, os fenômenos são controlados e a vida corre tranqüilamente.

4. Como posso saber se sou médium? Existe algum sinal?

Em linhas gerais, todos somos médiuns, pois, em algum grau, conscientemente ou não, estamos em comunicação com o plano espiritual. Isto se deve ao fato de sermos seres essencialmente espirituais. Contudo, costuma-se denominar de “médiuns” aqueles que apresentam a faculdade mais ostensivamente. Segundo Kardec, n’O Livro dos Médiuns, “nenhum indício há pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica. Só a experiência pode revelá-la”. Em outras palavras, somente a ocorrência continuada de fenômenos espirituais, após o indivíduo estar devidamente harmonizado, é que se poderá identificar com segurança um médium.

5. O que uma pessoa que esteja passando por este tipo de fenômeno deve fazer?

Em primeiro lugar deveria buscar esclarecimentos com indivíduos mais experientes no assunto. Contudo, em linhas gerais, a pessoa deverá buscar um Centro Espírita em conformidade com os ensinamentos contidos na Codificação Kardequiana para assistir as palestras públicas, ao menos uma vez por semana, onde, além do esclarecimento, receberá o tratamento dispensado pelos espíritos mentores do trabalho; adotar a rática do Evangelho no Lar; adotar a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo diariamente; e o ingresso em cursos espíritas para o devido aprofundamento no assunto.

6. Considerações

A idéia da mediunidade pode ser assustadora de início, porém é um mundo de descobertas e experiências gratificantes de enorme valor para o desenvolvimento pessoal. Em suma: é uma benção que não se deve temer ou menosprezar.


PARTE 2


1. QUAL A IMPORTÂNCIA DE O LIVRO DOS MÉDIUNS PARA NÓS ESPÍRITAS?

Esta é uma questão muito interessante e de extrema importância para o entendimento do Espiritismo como uma doutrina filosófica e científica com as consequências morais decorrentes desse entendimento.

Se analisarmos a sequência na publicação do Pentateuco Kardequiano, verificamos que o O Livro dos Espíritos, primeiro livro, apresenta a Doutrina Espírita em sua totalidade, com início, meio e fim. Neste livro, encontramos explicações para uma enorme variedade de questionamentos da humanidade desde longa data. Contudo, apresenta uma grande novidade: a comunicabilidade com os mortos como algo natural e, com isso, sujeito às leis que a regem.

Assim, nos é apresentado uma possibilidade de enorme potencial e, por isso, esta potencialidade precisava ser devidamente esclarecida e as leis que a regem precisavam ser devidamente estabelecidas. O segundo livro, portanto, deveria abordar estas leis para o devido esclarecimento. Surge, então o O Livro dos Médiuns trazendo minuciosamente a apresentação das diversas variantes do fenômeno mediúnico e as leis que as regem.

Além disso, o O Livro dos Médiuns prepara o terreno para o O Evangelho Segundo o Espiritismo, terceiro livro da Codificação, onde são apresentados numerosos ensinamentos de extrema importância e seriedade, haja vista se tratar dos ensinamentos de Jesus, que foram obtidos através dos fenômenos mediúnicos e que foram tratados no livro precedente.


2. COMO A DOUTRINA ESPÍRITA DEFINE MEDIUNIDADE?

No Capítulo XXXII de O Livro dos Médiuns, onde Kardec apresenta um vocabulário espírita, definindo várias das terminologias que foram criadas ou adaptadas para o uso pelo Espiritismo, encontramos a seguinte definição para a palavra médium: Pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens; para a palavra mediunidade: Faculdade dos médiuns.

Portanto, mediunidade é a faculdade de servir de intermediário entre espíritos libertos do corpo e espíritos ligados ao corpo, pois, inclusive, espíritos encarnados, quando libertos do corpo, podem se manifestar através de um médium.

Esta definição é válida para uma humanidade encarnada em um mundo de expiação e provas. Porém, a análise da faculdade mediúnica induz ao entendimento de que o denominado processo mediúnico é, na verdade, a forma mais básica de comunicação entre espíritos, a comunicação pelo pensamento, em que a informação é transmitida na íntegra e não decorrente de uma tradução em palavras ou conceitos preconcebidos.

No livro Médiuns e Mediunidades, psicografia de Divaldo Franco e ditado pelo espírito Vianna de Carvalho, encontramos uma definição muito interessante para médium, citando o pesquisador Gustavo Geley, diz que os médiuns são pessoas cujos elementos constitutivos são capazes de, momentaneamente, ser descentralizados.


3. QUAIS OS TIPOS DE MEDIUNIDADE? E QUAIS SÃO OS MAIS COMUNS?

Pode-se dizer que há tantos tipos de mediunidade quanto o número de médiuns. Os médiuns apresentam características individuais que, apesar de existir a semelhança entre muitos, não são iguais.

No geral, o que se encontra é a combinação de alguns tipos de mediunidade variando em grau de intensidade cujo conjunto forma um tipo de mediunidade específico para aquele médium.

Os tipos mais comuns, dentre aqueles relacionados por Kardec n’O Livro dos Médiuns, podemos citar a psicografia e a psicofonia, além, é claro, dos efeitos físicos, cuja ocorrência é muito maior do que se pode contabilizar, pois muitos são médiuns deste tipo sem o saber.


4. COMO A MEDIUNIDADE SE MANIFESTA?

Não existe uma forma específica para o início da manifestação da mediunidade. Alguns vivenciam manifestações mediúnicas desde muito cedo e que perduram quando nas fases da puberdade e adulta. Outros iniciam os fenômenos já na fase adulta.

Pode, ainda, apresentar caracteres diversos: início tranquilo e fenômenos suaves; início turbulento que suavizam com o tempo ou o inverso; início com um tipo de mediunidade que se desenvolve em outro; e por aí vai.

Isto torna a mediunidade tão especial e fascinante. Cada experiência é única e pode engrandecer em muito o espírito que convive com a mediunidade, seja como ostensivo ou não.


5. COMO SABER SE SOU UM MÉDIUM?

Em linhas gerais, todos somos médiuns, pois, em algum grau, conscientemente ou não, estamos em comunicação com o plano espiritual. Isto se deve ao fato de sermos seres essencialmente espirituais. Contudo, costuma-se denominar de “médiuns” aqueles que apresentam a faculdade mais ostensivamente. Segundo Kardec, n’O Livro dos Médiuns, nenhum indício há pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica. Só a experiência pode revelá-la. Em outras palavras, somente a ocorrência continuada de fenômenos espirituais, após o indivíduo estar devidamente harmonizado, é que se poderá identificar com segurança um médium.


6. PODEMOS DESENVOLVÊ-LA? E ISSO É BOM OU RUIM?

Esta é uma pergunta capciosa e não é do tipo sim ou não.

Uma coisa é certa: não poderá aparecer onde não existe a possibilidade. Assim, apesar de todos sermos considerados médiuns em algum grau, não é todo mundo que estaria em condições de a desenvolver ao ponto de se tornar ostensivo.

Contudo, como foi dito anteriormente, existe uma gama muito variada de mediunidade. Assim, existem aqueles cuja mediunidade é naturalmente desenvolvida e aqueles cujo exercício poderá ampliar o potencial mediúnico ao ponto de possibilitar os fenômenos mais ostensivos.

Isto somente será ruim para aquele que, após desenvolver a mediunidade pelo exercício se arrepender e optar por desistir do trabalho. Em outras palavras, podemos dizer que o indivíduo estabelece um comprometimento com uma faculdade e, depois de alcançar o intento opta por quebrar o compromisso. Assim, antes de iniciar qualquer treinamento é importante que a pessoa esteja ciente do compromisso que está assumindo e não se deixar levar pela admiração equivocadamente concedida aos médiuns das casas espíritas.


7. QUAL É A RESPONSABILIDADE QUANTO A MEDIUNIDADE?

Esta é uma questão fundamental para todo aquele que se inicia nos trabalhos mediúnicos, seja como ostensivo ou na sustentação do ambiente psíquico para que a tarefa transcorra adequadamente.

Não é sem motivo que a orientação dada a Chico Xavier pelo seu mentor espiritual Emmanuel foi a disciplina. A disciplina é fator primordial para todo espírita e, fundamentalmente, para aqueles que se encontram em tarefa mediúnica.

A responsabilidade é grande, pois é preciso estar ciente de que recebemos todo o auxílio necessário dos mentores espirituais, mas que eles não podem fazer aquilo que cabe ao encarnado.

A responsabilidade, portanto, se compõem de disciplina na abnegação, no estudo constante, na frequência aos trabalhos, no esforço da transformação pessoal e manutenção do ambiente psíquico pessoal antes, durante e após a tarefa.

Mediunidade é trabalho e abnegação.


8. COMO PODEMOS EXERCER A MEDIUNIDADE DE FORMA SADIA?

A forma sadia do exercício da mediunidade está, como foi dito na resposta anterior, pela disciplina nos pontos mencionados e em outros que possamos ter esquecido no momento, mas não precisamos nos preocupar com o que ficou faltando ser mencionado aqui, pois tudo está muito bem exposto n’O Livro dos Médiuns.

Além disso, é imprescindível, especialmente para os iniciantes, estar ligado a uma casa espírita que esteja 100% alinhada com a Codificação Kardequiana, referência primordial para todo espírita. Pois, teorias e práticas de vertentes religiosas podem estar carregadas de misticismos desnecessários e inconvenientes que podem dificultar ou, até mesmo, inviabilizar o trabalho sadio.