Sobre Espiritismo    
Claudio C. Conti    



Textos 2012

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Textos 2011


A Contagem do Tempo e Leitura da Bíblia

A Terceira Revelação

Espíritos Imperfeitos

(Não) Ubiquidade dos Espíritos

Duração das Penas Futuras

Allan Kardec

Orgulho e Egoísmo

Mansuetude

Bezerra de Menezes

Bósons de Higgs

Conhecimento de Si Mesmo

Necessidade Psíquica da Encarnação

Campanhas nas Redes Sociais

O Que é Moral?

Inserções nos Livros do Pentateuco Kardequiano

As Várias Faces da Ciência

Cuidados no Passe

Como Proceder no Estudo das Obras da Codificação?

Parábolas

Médiuns de Sustentação

Pobres de Espírito e Espíritos Pobres

A Contagem do Tempo e Leitura da Bíblia


21/12/2012

A Contagem do Tempo e Leitura da Bíblia A contagem do tempo, assim como qualquer outro sistema de referência, é baseada em correlações com eventos determinados e considerados marcantes para um indivíduo ou população. Desta forma, cada um teria um marco pessoal, sendo que o principal, em geral, é a própria data de nascimento, pois servirá como base para todos os eventos e decisões que serão tomadas ou se farão necessárias pelo indivíduo até o evento da sua desencarnação.

Percebemos a necessidade de se aplicar a lei trazida por Jesus, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"[1], em todas as situações, até mesmo naquelas que parecem mais improváveis, o que inclui a contagem do tempo.

Como foi apresentado no início do texto, cada um utiliza uma referência para a contagem do tempo, aquela que lhe é mais marcante, mas a escolha do que será considerado como referência também pode ser coletiva. Grande parte da população considera o nascimento de Jesus como referência para a contagem do tempo, uma abordagem histórica que foi estabelecida durante o domínio da Igreja. Temos, então, a notação AC e DC para nos referirmos ao tempo anterior e posterior ao marco principal.

Atualmente, existe um movimento de mudar a notação, isto é, muitos consideram a referência ao nascimento de Jesus para contagem do tempo como uma forma de imposição a certas crenças, no caso, o Cristianismo. Gradativamente a terminologia está sendo alterada para Era Comum (EC) e Antes da Era Comum (AEC).

Infelizmente, esta alteração causa movimentos de aversão e numerosas acusações. Nós, espíritas, devemos estar cientes que alterações a qualquer referência a Jesus não altera quem ele é e o que representa. Por isso, devemos nos manter pacíficos e tranquilos, pois não significaria qualquer mudança íntima, devemos respeitar as crenças alheias e não impor as próprias, além de não contribuirmos para desarmonia geral com manifestações desregradas.

Outro exemplo é a referência para a criação do universo conhecido. A ciência estima que tenha surgido entre treze a vinte bilhões de anos e a idade da Terra é estimada em quatro bilhões e quinhentos milhões de anos. Em contrapartida, aqueles que interpretam a Bíblia literalmente e crêem se tratar de textos sagrados trazidos diretamente por Deus estimam que a criação date de apenas seis mil anos.

Um se baseia em pesquisas científicas das mais variadas da geologia, da física e da arqueologia; enquanto o outro é uma questão de crença segundo uma vertente religiosa.

Muitos não entendem os procedimentos e métodos utilizados nas pesquisas científicas, utilizados para se chegar a certas conclusões. Todavia, outros tantos não compreendem o sistema de crença e valores considerados para se chegar a conclusões outras.

O erro não está nas diferentes conclusões, pois a verdade um dia prevalecerá, o equívoco está na imposição. A história mostrou as consequências da imposição arbitrária de crenças: a Inquisição causou muitos estragos que, até hoje, ainda se reflete no comportamento de muitos, seja tiranizando ou temendo que volte a ocorrer.

Kardec[2] apresenta uma valiosa avaliação e comparação entre o que denominaremos de “Criação Bíblica” e a “Criação Científica”, abolindo as crenças e dogmas acerca do tema, ficando claro, mesmo com o conhecimento daquela época, que a ciência apresentava forte fundamentação teórica e experimental para fundamentar suas conclusões. Atualmente, com métodos mais aprimorados, tal como a datação radioativa que utiliza a razão entre isótopos radioativos de um mesmo elemento químico, as conclusões são bem mais fundamentadas e precisas.

Jung[3] diz que estava “plenamente convencido da extraordinária importância do dogma e dos ritos, pelo menos enquanto métodos de higiene”, isto é, a manutenção da sanidade mental estabelecida por padrões externos ao longo do tempo e que nem todos, no momento, estão em condições de se libertarem.


Referências
1- Bíblia de Jerusalém; Paulus Editora, 2002; Mateus Cap. 22 vv. 39.
2- Allan Kardec; A Gênese; 36a edição; Tradução de Guillon Ribeiro; Editora FEB; 1995(1868); Cap. VI – XII.
3- Carl G. Jung; Psicologia e Religião; 6ª edição; Tradução Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha; Editora Vozes; 1999(1939); Vol. XI/1; parágrafo 76; pg. 49.

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A TERCEIRA REVELAÇÃO


04/12/2012

No livro Psicologia e Religião Oriental, C. G. Jung, considerado o “pai da psicologia analítica”, analisa o pensamento do acidental e do oriental, traçando um paralelo entre ambos.

Obviamente que a avaliação de Jung é longa e complexa. Por isto, não pretendemos tratar de tudo neste pequeno texto. Contudo, podemos salientar alguns conceitos e comparar com o Espiritismo.

Todavia, alguns esclarecimentos a priori são necessários para facilitar o entendimento sobre o que se deseja apresentar:

1) Cristianismo: sistema de crenças e valores elaborados pelos homens. É baseado nos ensinamentos de Jesus, porém não é necessariamente uma representação acurada destes ensinamentos;
2) Pensamento ocidental: caracterizado pelo Cristianismo;
3) Pensamento oriental: utilizaremos o Budismo com representante de esta forma pensar.


Continuando com a sequência de raciocínio, o pensamento ocidental, mais precisamente o Cristianismo, apresenta características bem definidas que foram sendo elaboradas ao longo do tempo. Dentre elas, podemos considerar como mais marcantes para o que se pretende abordar, o fato da “salvação” estar relacionada como sofrimento (Exemplo: Jesus padeceu na cruz para nos salvar.); a autoflagelação (Exemplos: silício, jejum, promessas que causam dor.); a conversão (Exemplo: convencimento de se tratar da “melhor” religião.); a salvação externa (Exemplo: Jesus salva.) e; o imediatismo (Exemplo: a salvação pode ser imediata.).

Por outro lado, o pensamento oriental é voltado para o fim do sofrimento (Exemplo: a Terceira Nobre Verdade – A Cessação do Sofrimento.); a salvação é interna (Exemplo: a Quarta Nobre Verdade- O Caminho da Libertação.) e; o exercício leva “salvação” (Exemplos: a prática da meditação e repetição dos sutras.)

O Espiritismo por sua vez, apesar do que muitos possam acreditar, baseia-se nos ensinamentos de Jesus para alcançarmos o fim do sofrimento; diz que a “salvação” é pessoal; exercício da prática da caridade e controle das más inclinações; quebra a distinção entre ciência e religião, pois a ciência não deve se basear na paixão pelos fatos enquanto que a religião não deve se basear apenas na fé.

Teríamos, então, o Espiritismo como “Terceira Revelação” sob outro sentido: Primeira Revelação: os ensinamentos dos missionários orientais (Buda, Krishina, etc.); Segunda Revelação: os ensinamentos de Jesus; Terceira Revelação: o Espiritismo esclarecendo os ensinamentos de Jesus que foram deturpados pelo Cristianismo.

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ESPÍRITOS IMPERFEITOS


21/11/2012

A análise da questão 975 d'O Livro dos Espíritos propicia material para reflexões a respeito da nossa vida de encarnados e da sociedade como um todo: Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?

Diante desta pergunta devemos primeiramente nos questionar se nos consideramos como "inferior" ou "justo", pois, muitas vezes, a primeira impressão pode ser enganosa.

Na questão 97 foram estabelecidas, para fins didáticos, 3 ordens: Primeira: atingiram a perfeição; Segunda: meio da escala – predominância do espirito sobre a matéria e o desejo do bem predomina e; Terceira: estão no início - imperfeitos.

Os da terceira ordem que importa tratar e a questão 101 lista as suas características:

1. Predominância da matéria sobre o Espírito;
2. Propensão para o mal;
3. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes;
4. Têm a intuição de Deus, mas não O compreendem;
5. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade;
6. Uns não fazem o bem nem o mal;
7. Não fazer o bem, já denota a sua inferioridade;
8. Outros se comprazem no mal;
9. A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à malícia;

Quando analisamos os sistemas de governo em geral, a atual democracia, o capitalismo e o socialismo como foi empregado verificamos que as características acima se apresentam acentuadamente. Verificamos, então, que são sistemas de e para homens que não se amam. Isto é válido tanto os governantes quanto os governados; tanto os empresários quanto os empregados.

O sistema capitalista, por exemplo, leva a uma preocupação exacerbada com o dia seguinte e isto leva o indivíduo a não enxergar as necessidades dos outros, ele se fecha e enxerga apenas as suas próprias necessidades.

Kardec, no livro Obras Póstumas, fala de uma aristocracia intelecto-moral. Léon Denis, no livro Socialismo e Espiritismo, fala sobre SOCIALISMO ESPIRITUALISTA:

“O Socialismo do futuro será o Socialismo espiritualista, pois realizará um ideal baseado no desenvolvimento da mais alta faculdade da alma. Só ele poderá dissipar os prejuízos de castas, de raças, de cores e de religiões e fazer nascer um sentimento profundo de fraternidade única.”

Podemos, agora, compreender a resposta da questão 975: Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?

“Sim, e isso lhes é um suplício, porque compreendem que estão dela privados por sua culpa. Daí resulta que o Espírito, liberto da matéria, aspira à nova vida corporal, pois que cada existência, se for bem empregada, abrevia um tanto a duração desse suplício. É então que procede à escolha das provas por meio das quais possa expiar suas faltas. Porque, ficai sabendo, o Espírito sofre por todo o mal que praticou, ou de que foi causa voluntária, por todo o bem que houvera podido fazer e não fez e por todo o mal que decorra de não haver feito o bem.

“Para o Espírito errante, já não há véus. Ele se acha como tendo saído de um nevoeiro e vê o que o distancia da felicidade. Mais sofre então, porque compreende quanto foi culpado. Não tem mais ilusões: vê as coisas na sua realidade.”

Esta resposta esclarece dois pontos que é grande motivo de dúvidas nos estudos espíritas:

1) A dificuldade de aceitação de que nós mesmos escolhemos as provações que vivenciaremos durante a encarnação.

Verificamos que diante do entendimento de que podemos alcançar a felicidade dos justos, nos dispomos a cumprir a tarefa necessária, porém, ao encarnar, esquecendo-se dos compromissos assumidos e a matéria prevalecendo sobre o espírito, recua diante das obrigações.

2) Muitos dizem que não deveríamos esquecer.

N’O Livro dos Espíritos, parte 2, cap. VII – Esquecimento do passado, esta questão é abordada em profundidade. Todavia, precisamos concordar que não faria muita diferença. Temos muitos exemplos de que não cumprimos com deveres e obrigações relativos a esta mesma encarnação e que não são esquecidas. Podemos citar como exemplo nosso comportamento no trânsito.

Todos sabem que não se deve avançar o sinal luminoso, mas não é empecilho para muitos, assim como não se deve ingerir bebida alcóolica e dirigir, contudo estes são o motivo de numerosos acidentes.

Lembrar ou não é mero detalhe, pois aquele que já atingiu o grau de entendimento cumpre com seus deveres, independentemente se alguém está vigiando. Para aquele que não atingiu o entendimento não faz diferença lembrar ou não.

O processo evolutivo é educativo e devemos nos comportar adequadamente não por medo, mas por reconhecer como deve ser.

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(NÃO) UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS


11/11/2012

Por ubiquidade entende-se a propriedade de se estar em todos os lugares ao mesmo tempo, cujo sinônimo seria "onipresença". A onipresença, por sua vez, conduz a onisciência, isto é, a capacidade de saber ou conhecer tudo.

A Doutrina Espírita nos esclarece, mais precisamente no livro A Gênese, que a onipresença é uma das propriedades da divindade, isto é, de Deus. Obviamente que necessitamos compreender que a nossa visão de Deus é extremamente limitada, portanto, os atributos com os quais tentamos compreendê-lo são, também, limitados. Todavia, isto é o que conseguimos fazer.

Com relação ao espírito propriamente dito, esta questão é interessante e apresenta variantes no entendimento, não sendo simples nem trivial. Este tema é apresentado n'O Livro dos Espíritos e é preciso avaliar a resposta apresentada pelos espíritos detalhadamente.

1) Pergunta

Na questão 92, Kardec pergunta: Têm os Espíritos o dom da ubiquidade? Por outras palavras: um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo

Vemos que Kardec faz duas perguntas distintas, e não apenas uma. A primeira e com relação a ubiquidade propriamente dita, isto é, se o espírito pode se dividir; mas ele também pergunta se o espírito pode "existir" em mais de um ponto, que pode ser interpretado por "manifestar".

2) Resposta – primeira parte

A resposta a esta questão também necessita ser analisado em partes. Na primeira parte a resposta é: "Não pode haver divisão de um mesmo Espírito."

Nesta afirmativa fica claro que o espírito não se divide. Todavia, a onisciência creditada a Deus também não está implícito que haja algum tipo ou forma de divisão da divindade, caso houvesse, seria o conceito de múltiplos deuses.

3) Resposta – segunda parte

Na segunda parte da resposta, os espíritos dizem: "mas, cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”

Assim, apesar de não se dividir, o espírito poderá atuar em diversos pontos e, além disso, supondo que para agir é necessário saber, pode-se dizer que o espírito pode saber o que acontece em diferentes pontos.

Podemos, então, concluir que: a) Deus é onisciente e onipresente e; b) o espírito é "multipresente" e "muilticiente".


Obs: As palavras "multipresente" e "muilticiente" não existem, mas acredito que facilita o entendimento do conceito que se deseja apresentar.

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DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS


23/10/2012

Uma grande dificuldade para melhor compreensão do que é conhecido como “penas após a morte” é que a vida após a desencarnação ainda é desconhecida por muitos. Em decorrência deste fato, não se conversa sobre o tema e, assim, conceitos antigos ainda permanecem. Somam-se séculos de convivência com conceitos tais como (definições do dicionário Aurélio on line):


       1. Céu – Local da morada de Deus e para onde vão os justos, depois da morte, por oposição ao inferno;

       2. Inferno – Lugar destinado ao castigo eterno da alma dos pecadores, por oposição ao céu;

       3. Pecado – Transgressão de preceito religioso, falta, erro;

             a. pecado mortal: o que leva ao Inferno se não é confessado.

             b. pecado original: o herdado de Adão.

             c. pecado venial: pecado leve que leva ao Purgatório se não é confessado

       4. Purgatório – Lugar onde se purificam as almas que, não merecendo o Inferno, não podem, contudo, entrar no Céu                                          sem expiarem a culpa.


Todavia, alguns destes conceitos já se encontram em fase de transição. O céu e purgatório são definidos (Site do Vaticano - Catecismo) como estados em que a alma se encontra.

Ainda no Catecismo encontramos a ideia de que existe a possibilidade de se “afastar de Deus”:

297. Porque existe um sacramento da Reconciliação depois do Baptismo?

Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado, Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos batizados que pelo pecado d’Ele se afastaram.


Creditamos que, em decorrência deste tipo de equívoco, surjam outros.

Na etimologia popular de que a palavra “religião” tem origem em “religare” do Latim: religação com Deus. Todavia, “Religião” deriva de “relegere”, em que “re-”, "de novo", está associado ao verbo “legere”, "ler", abrigando o sentido de “ler novamente”, “considerar com atenção”.

Somente seria aceita religação se houvesse uma ruptura, o que, felizmente, não existe quando se trata de Deus e seus filhos.

Acredito que o simples pensamento de ser desligado (abandonado) de Deus seja muito conflitante e angustiante. Poderíamos considerar, inclusive, como uma variante do materialismo, pois, quando se exclui Deus do processo, sobra apenas as questões materiais.

Conceito similar é muito utilizado no meio espírita fala-se quando se fala em “afastar das Leis de Deus”.

Duas perguntas fundamentais que se deve fazer são: Qual ou de quem é a lei que passamos a seguir quando nos desviamos da Lei de Deus? Quando me desvio da Sua Lei, Ele me abandona?

Se Deus é único e soberano, então somente pode haver uma Lei e, se só existe uma, nós nunca podemos nos afastar dela. Deus, sendo a inteligência suprema e bondade absoluta deveria saber previamente os equívocos que seus “filhos” podem cometer, se até os pais biológicos tentar orientar e educar seus filhos, pois sabem das possibilidades de enganos, imagina Deus.

Devemos fortalecer o pensamento na direção que ninguém se afasta de Deus nem da sua Lei por ser única e estarmos imersos Nela.

Em decorrência disto, tem-se que os processos que vivênciamos não são de cunho punitivo, mas educativo. Portanto, a duração destes processos dependerá única e exclusivamente do esforço que façamos para aprender. As questões d'O Livro dos Espíritos apresentadas a seguir esclarem este processo:

1003. É arbitrária ou sujeita a uma lei qualquer a duração dos sofrimentos do culpado, na vida futura?

“Deus nunca obra caprichosamente e tudo, no Universo, se rege por leis, em que a Sua sabedoria e a Sua bondade se revelam.”

1004. Em que se baseia a duração dos sofrimentos do culpado?

“No tempo necessário a que se melhore. Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.”

1008. Depende sempre da vontade do Espírito a duração das penas? Algumas não haverá que lhe sejam impostas por tempo determinado?

Sim, ao Espírito podem ser impostas penas por determinado tempo; mas, Deus, que só quer o bem de Suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento e infrutífero jamais fica o desejo que o Espírito manifeste de se melhorar.”


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ALLAN KARDEC


11/10/2012

Quem foi Allan Kardec?

       - Nome: Hippolyte Léon Denizard Rivail;
       - Nasceu em Lyon, França, em 3 de outubro de 1804;
       - Desencarnou em 31 de março de 1869;
       - Desde cedo manifestou interesse pelas ciências e filosofia;
       - Estudo na escola de Pestalozzi, Suíça;
       - Aos 18 anos se formou em Ciências e Letras.

Por que Kardec para a Codificação?

       - Discípulo de Pestalozzi;
       - Dominava o francês, alemão, inglês, holandês, italiano e espanhol;
       - Trabalhou como professor e pedagogo durante 30 anos e publicou diversas obras sobre educação;
       - Lecionou química, matemática, astronomia, física, fisiologia, retórica e anatomia comparada.

Vemos que Kardec estava em condições de compreender a informação trazida pelos espíritos através dos médiuns.

Qual a abordagem de Pestalozzi para a educação?

       - Respeito à individualidade do aluno;
       - O entendimento deve ser desenvolvido pela observação e participação em atividades;
       - Menor ênfase em estudos sistemáticos de textos e normas.

Vemos no livro Obras Póstumas:

ENSINO ESPÍRITA: Um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso como de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas consequências.


       - Curso “regular” é diferente de curso “sistematizado”, pois deve existir o respeito pela individualidade do aluno e
         caracterísitcas de diferentes grupos;
       - Como se deve dar menor ênfase em estudos sistemáticos de textos e normas, os métodos de ensino devem ser
         interativos;
       - Kardec enfatiza a necessidade de cursos sobre Espiritismo, porém, o material didático foi elaborado por um pedagogo
         adequadamente preparado para este mister - o próprio Kardec.
       - Devemos evitar a elaboração de apostilas ou livros de estudo que substituam o Pentateuco.
       - Devemos incentivar os estudos dos próprios livros da Codificação;
       - Devemos imaginar que Kardec, como pedagogo e educador, apresentou a Codificação na ordem adequada para melhor
         entendimento e estudo.



A Codificação:

O Livro dos Espíritos, publicado em 1857:

Primeiro livro da codificação a ser escrito, toda a doutrina é apresentada, com início meio e fim, dando aos seus leitores a idéia completa, sem possibilidades de devaneios inadequados ou indesejáveis. Embora possa parecer detalhe banal, é de vital importância, pois é muito mais fácil educar sobre qualquer assunto antes que concepções errôneas se instalem, a correção é sempre mais difícil.

Este livro é composto de quatro capítulos, a saber: Das causas primárias; Do mundo dos espíritos; Das leis morais; Das esperanças e consolações. Cada um destes capítulos se tornou assunto para um livro formando, assim, juntamente com o Livro dos Espíritos, o Pentateuco da Codificação Espírita. Obra basilar em que todo e qualquer estudo de assunto espírita deve se apoiar.

O Livro dos Médiuns, publicado em 1861:

Neste segundo livro são esclarecidos os fenômenos da mediunidade em maiores detalhes. Em uma época, quando os fenômenos mediúnicos eclodiam em todos os lugares, este livro apresentava as respostas para as dúvidas que surgiam.

A mediunidade não parou ali, naquela época, ela está presente em todos, médiuns ostensivos ou não, mas sempre médiuns. A palavra “médium” se refere, segundo o Espiritismo, ao intermediário entre o mundo material e o mundo espiritual.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, publicado em 1864:

Este livro esclarece sobre as passagens e parábolas de Jesus, interpretando seus ensinamento para que todos possamos compreender, libertando-nos de qualquer versão deturpada. O próprio Jesus nos alertou ao dizer: “E virão os falsos profetas.”

Não é possível compreender Jesus como alguém que veio a terra para ensinar de forma que alguns poucos o pudessem compreender, seus ensinamento são simples e diretos, facilmente inteligível, bastando, para isso, que estejamos abertos para o entendimento do amor incondicional a todas as criaturas.

É claro que, em nosso nível atual da evolução, o exercício de um amor incondicional é ainda muito difícil, estamos muito arraigados aos nossos sentimentos inferiores de orgulho, mas primeiramente é preciso entender que esse sentimento existe. A Terra é sempre brindada com a presença de espíritos capazes do exercício do amor incondicional para servir de exemplo, mostrando que isso é possível e que, um dia, todos estaremos na mesma condição.

O Céu e o Inferno, publicado em 1865:

Esclarece sobre o porvir, o além-túmulo, apresenta a existência de um futuro que é a razão de vivermos bem. Se fizermos um exercício mental e, por um momento, esquecendo-se da existência da vida futura, veremos o quanto desesperador pode ser quando não se crê na continuidade da existência da individualidade.

Tal pensamento é a mola, o estopim para tantos se enganarem no consolo falso dos vícios. O álcool e as drogas são consequências do desespero que o vazio proporciona em espíritos pouco esclarecidos.

Nós somos ainda muito imperfeitos e é nosso egoísmo, cultuado durante reencarnações sem fim, que não nos permite levantar os olhos para enxergar o nosso próximo e os trabalhos que necessitam serem realizados.

O que é mais engraçado nesta história toda é que enxergando nosso próximo e arregaçarmos as mangas estaremos, na verdade, enxergando a nós mesmos e trabalhando para o nosso próprio benefício.

A verdadeira calma, a verdadeira serenidade, só pode ser alcançada com o trabalho perseverante no nosso aprimoramento moral e intelectual e, quando desencarnarmos e vislumbrarmos o futuro a nossa frente, é que tomaremos consciência do quanto efêmero é este sossego terreno que tanto buscamos.

O pensamento incoerente de que o nada nos espera logo adiante, faz com que tentemos fugir da realidade para aguardarmos esse nada. Quando esta idéia domina a mente por completo, o espírito busca sua “liberdade” no ato mais covarde, na culminância do desespero, o suicídio. Ao acordar, no outro lado, o desespero é aumentado em dez, cem, mil vezes quando se depara com a vida imortal do espírito.

A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, publicado em 1868:

Último livro da codificação a ser escrito, a Doutrina deixa um legado importantíssimo para a nossa vida, este último livro nos ensina a pensar, usar a razão, analisar os fatos porvindouros.

Não podemos imaginar que Kardec, sendo profundo conhecedor da ciência, pretenderia escrever um livro sobre ciências como parte da Codificação. Seria um grande absurdo.

Neste livro, Kardec ensina como analisar o conhecimento científico sob a ótica espírita, sendo, portanto, válido para todos os tempos e, por isso, nunca estará ultrapassado ou necessitando de atualizações.



Quanto mais analisamos a Doutrina Espírita mais se observa a sua complexidade e, o que é mais importante, a sua completude.

Uma doutrina que liberta e que, ao mesmo tempo, é progressista, se caracterizando por estar aberta a abraçar e incorporar, no seu corpo doutrinário, os novos avanços da humanidade deve, também, instruir como estes avanços devem ser analisados antes de serem absorvidos, além de esclarecer quanto a tantos pontos obscuros de uma ciência humana.

A Gênese se caracteriza pelo exercício da razão e nos norteia sobre os acontecimentos futuros.

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ORGULHO E EGOÍSMO


26/09/2012

N’O Livro dos Espíritos encontramos o seguinte:


Nota da questão 514: “Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso lado por afeições particulares e ainda por certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto para o bem como para o mal. De ordinário, a duração de suas relações se acha subordinada às circunstâncias.”

215. Que é o que dá origem ao caráter distintivo que se nota em cada povo? “Também os Espíritos se grupam em famílias, formando-as pela analogia de seus pendores mais ou menos puros, conforme a elevação que tenham alcançado. Pois bem! Um povo é uma grande família formada pela reunião de Espíritos simpáticos. Na tendência que apresentam os membros dessas famílias, para se unirem, é que está a origem da semelhança que, existindo entre os indivíduos, constitui o caráter distintivo de cada povo. Julgas que Espíritos bons e humanitários procurem, para nele encarnar, um povo rude e grosseiro? Não. Os Espíritos simpatizam com as coletividades, como simpatizam com os indivíduos. Naquelas em cujo seio se encontrem, eles se acham no meio que lhes é próprio.”

278. Os Espíritos das diferentes ordens se acham misturados uns com os outros? “Sim e não. Quer dizer: eles se veem, mas se distinguem uns dos outros. Evitam-se ou se aproximam, conforme a simpatia ou a antipatia que reciprocamente uns inspiram aos outros, tal qual sucede entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo. Os da mesma categoria se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias, unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham.”



Diante da nota de Kardec e destas questões extraídas d’O Livro dos Espíritos percebemos que os espíritos se agrupam em decorrência da afinidade. Por “afinidade” pode-se entender uma gama de possibilidades e de variantes nos quais exista uma correlação de interesses ou comportamentos entre os seres.

O planeta Terra, por exemplo, é um mundo considerado de expiações e provas e no qual existe toda uma humanidade, encarnada ou não, a ele atrelado. Percebemos grande variedade de pendores e tendências entre seus habitantes encarnados e podemos supor que exista igual diversidade entre os espíritos desencarnados.

A população mundial estimada, segundo a ONU, é de sete bilhões de habitantes, e isto considerando apenas os encarnados.

No meio espírita é comum divulgadores, diante de uma “matemática” sem muito sentido, calcularem a quantidade de espíritos desencarnados ligados ao planeta. Todavia, para o nosso estudo em pauta, especificar este número, além de impossível, é irrelevante, haja vista que sete bilhões já é muito.

É importante, portanto, avaliar o ponto em comum entre todos os espíritos ligados ao planeta, pois, se nos encontramos em um mesmo local e sob as mesmas condições, é porque temos similaridade de interesses ou comportamento.

Corrupção e assaltos, por exemplo, são condutas similares, independentemente se num caso existam brechas na lei humana e no outro não. A lei humana é falha em muitos pontos e somente servirá de única diretriz para aquele que não considera as Leis Divinas válidas para sua existência.

Quantos outros padrões de comportamento podem ser comparados com o exemplo anterior? O simples fato de se aproveitar delituosamente de uma situação, usar meios escusos, prejudicar o outro para sobressair no emprego, etc. São tantas as formas de causar prejuízos ao próximo para proveito próprio que a lista seria grande, pois, apoderar-se do que pertence a outro é conduta reprochável, não importar se é pouco ou muito.

Qual ou quais tendências são compartilhadas entre os habitantes deste mundo?

Para esta pergunta encontramos resposta na Codificação Espírita, mais precisamente n'O Livro dos Espíritos:


785. Qual o maior obstáculo ao progresso?

O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre..."

1019. Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

“O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.



Portanto, o que podemos perceber é que as mazelas em comum entre todos os espíritos atrelados a este mundo, seja qual for o credo ou classe social, desde o mais pobre até o mais rico, desde o ignorante ao mais intelectual, são o orgulho e o egoísmo.

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MANSUETUDE


02/09/2012

Diante das situações desagradáveis da vida, o que é comum a todos os habitantes de um mundo de expiações e provas como o nosso, vemos pessoas, em um ato de orgulho exacerbado, revoltadas contra Deus.

Outra vertente deste comportamento é a barganha com a divindade, algo muito comum na humanidade terrena e, podemos supor, noutros mundos em condição similar. No momento da barganha acredita-se poder "comprar" um privilegio. O procedimento adotado é dos mais variados, desde manifestações simples, tal como acender uma vela, até procedimentos elaborados e sofisticados, tal como bênçãos de altos sacerdotes de conceituadas vertentes religiosas.

No Capítulo IX d'O Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos um ensinamento de Jesus, ensinamento este primeiramente relatado no Evangelho Segundo Mateus, que fala a respeito da mansuetude e diz:

"Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra."

"Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus."

O ensinamento de Jesus apresentado serve para duas ocasiões:

1) na resposta agressiva, seja verbal, física ou pelo pensamento, a alguém que tenha causado algum dano e;

2) na revolta contra Deus ou seus desígnio.

Quantos de nós, nas situações de desagrado, ousamos nos revoltar ou maldizer Deus? Na grande maioria das vezes são questões insignificantes, mas que, diante da mente em desalinho, ganha proporções enormes, não condizentes com a situação em si.

O médico Murray Stain, em seu livro O Mapa da Alma, apresenta a abordagem de Carl G. Jung sobre a estrutura da psique, em referencia ao livro AION - Estudo Sobre o Simbolismo do Si-Mesmo, fala sobre o que ele denominou de “ego forte” e “ego fraco”.

Ego forte seria uma estrutura mental adequadamente "exercitada" para responder satisfatoriamente para os eventos da vida e este "exercício mental", segundo o autor citado acima, é realizado no confronto com as contrariedades. Assim, todos necessitam vivenciar adversidades na idade adequada e de forma controlada, com o apoio dos responsáveis pela sua educação e, ao entrar na idade adulta, já sem o apoio direto dos pais ou responsáveis, o indivíduo estará em condições de enfrentar e responder tranquilamente os dissabores da vida.

Ao contrário, o ego fraco seria uma estrutura mental que não foi confrontada com as adversidades e contrariedades, ou não foi adequadamente educada para tal. Assim, diante dos conflitos, reagem inadequadamente, sucumbindo a impulsos e reações emocionais, causando malefício maior para si mesmo.

O Capítulo IX d'O Evangelho Segundo o Espiritismo fala ainda da paciência, obediência e resignação. Três virtudes que muitas vezes não são bem compreendidas, pois se confundem com a falta de vontade e prostração.

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BEZERRA DE MENEZES


21/08/2012

Neste mês de agosto se comemora o nascimento de um espírito que foi de grande importância para o Brasil e para o movimento espírita brasileiro.

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em 29 de agosto de 1831 no estado do Ceará e desencarnou aos 68 anos em11 de abril de 1900 no Rio de Janeiro, para onde se mudou ainda na mocidade.

Foi um espírito de interesse variado, característico das grandes almas, tendo sido médico, militar, escritor, jornalista, político (vereador e deputado do Rio de Janeiro) e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.

Durante a campanha abolicionista, não se deteve apenas por trabalhar pela libertação dos escravos, mas, também, por solucionar a problemática que surgiria com uma libertação sem planejamento. Visando um fim estruturado para a escravatura, publicou o ensaio intitulado "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" em 1869.

Neste ensaio, Bezerra de Menezes defende a liberdade aos escravos e a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Vale ressaltar que a Lei Áurea somente foi assinada em1888.

Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em português d’O Livro dos Espíritos (em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos.

Sobre este contacto com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:

Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença."


Percebemos, por este relato, que alguém pode ser espírita mesmo sem ter tido contato com o que é denominado de Doutrina Espírita, pois o conteúdo da Doutrina é mais amplo e está disponível para todos.

Ficando claro, portanto, a afirmativa de O Espírito de Verdade quando disse que se reconhece o verdadeiro espírita pelo esforço em domar suas más tendências.

Dentre a vasta obra de Bezerra, podemos ressaltar o livro A Loucura Sob Um Novo Prisma, onde combate o conceito de que alienação mental é decorrente apenas de lesões no cérebro, salientando, ainda, que:


1) O pensamento é pura função do espírito, e, portanto, que suas perturbações não dependem de lesão do cérebro;

2) A loucura pode ocorrer sem a mínima lesão cerebral, o que prova que o cérebro não é órgão do pensamento;

3) Pode ser resultante da ação fluídica de Espíritos inimigos sobre a alma ou Espírito encarnado no corpo.


Na parte final do livro, Bezerra apresenta graves considerações sobre esta tão delicada questão, que serve de alerta para os trabalhadores espíritas cuja atividade é de atendimento aos encarnados que buscam os centros espíritas para orientação em casos de enfermidades ou mediunidade não educada:

Definida a questão, a loucura sob novo prisma, exposta a doutrina onde se encontram as leis que a explicam, vem de molde, e antes de mais, discriminá-la da outra espécie, única até hoje conhecida: fazer o diagnóstico diferencial.

Vamos, pois, tratar dos meios de reconhecermos a loucura procedente de lesão cerebral, e das que nos podem dar o conhecimento da obsessão ou loucura produzida por ação fluídica de Espíritos.

É esta, porventura, a parte mais difícil do empenho que tomamos, porque as manifestações apreciáveis das duas espécies são as mesmas.

Desde que, tanto numa como noutra, o fenômeno natural da transmissão do pensamento é perturbado pelo mesmo modo sensível, embora por causas diferentes, compreende-se que dificílimo deve ser o diagnóstico diferencial.

Quem vê um louco vê um obsidiado, tanto que até hoje se tem confundido um com o outro.

O mesmo olhar desvairado, a mesma apatia fisionômica, ora a excitação até a fúria, ora a prostração até ao indiferentismo, sempre a incoerência das idéias.

Se um tem momentos lúcidos, o outro igualmente os tem; se um pode cair no idiotismo, o outro também.

Efetivamente, Hahnemann disse, e nós temos observado, que a obsessão desprezada determina lesão orgânica do cérebro, donde a coexistência das duas causas da perturbação mental.


E finaliza:

Ora, não tendo a Ciência meio seguro de fazer aquele diagnóstico,mesmo porque só existe para ela a loucura, é óbvio que devemos procurar recursos, para verificarmos se existe a obsessão, no Espiritismo científico.


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BÓSONS DE HIGGS


13/08/2012

Recentemente foi divulgado que pesquisadores do acelerador de partículas localizado entre a França e Suíça, o LHC, confirmaram, dentro de certo grau de certeza, partículas cujo comportamento foi descrito na década de 60. Estas partículas são conhecidas como "Bóson de Higgs" em homenagem ao desenvolvedor da teoria, o cientista Peter Higgs.

A teoria diz que, após o surgimento do nosso universo conhecido, surgiu um campo, o campo de Higgs, e sua partícula portadora, os bósons de Higgs. Este campo e, consequentemente, a partícula portadora, são responsáveis pela característica de partículas apresentarem massa.

Desta forma, percebe-se que a massa não é uma propriedade inerente da matéria, haja vista que existem partículas que não interagem com este campo e, portanto, não apresentaam massa.

Se juntarmos a este, outro conceito já consolidado, como a Teoria Restrita da Relatividade, onde diz que o espaço e o tempo também não são entidades físicas imutáveis, teremos a base do conceito espírita sobre a ação do pensamento sobre o fluido como sendo responsável pela estruturação da vida material. Em outras palavras, é a base da teoria dos fluidos.

Comumente é dito no meio espírita que a matéria é formada por fluido, porém muitas outras coisas não são consideradas nesta colocação, tais como o próprio espaço, o tempo, as forças e, porque não dizer, a massa. Portanto, não devemos dizer que o fluido é matéria, pois este pode se apresentar de diversas formas, tais como espaço e tempo.

A concepção de que o espaço e do tempo, assim como a própria matéria e sua massa, é formada por fluido se expressando desta ou daquela maneira para nós é que estrutura uma condição de existência, aquela que denominamos de "mundo físico ou material", viabiliza o entendimento de vários fenômenos espirituais, tais como o deslocamento dos desencarnados no espaço e a presciência ou dupla vista.

Encontramos na Codificação Espírita conceitos que podemos considerar como prenúncio das teorias mencionadas anteriormente. Obviamente que, com o avanço dos conceitos científicos, isto se torna óbvio, pois os fenômenos espirituais ocorrem com matéria sutil, muito próxima do limite material inferior da nossa matéria densa, portanto, conforme o conhecimento humano adentra nesta região, os conceitos devem convergir.

O estudo mais detalhado sobre este tema foi apresentado em seminário no GEDE em 04/08/12 e na sede da AME-Friburgo em 11/04/12; será apresentado mais resumidamente na AME-Carioca em 10/09/12.

O material apresentado pode ser acessado no site do GEDE, clique aqui ou neste site, clique aqui Topo




CONHECIMENTO DE SI MESMO


24/07/2012

Na antiga cidade de Delfos, localizada a noroeste de Atenas, Grécia, se localizava o Templo de Apolo, deus da mitologia grega.

Neste templo existia um oráculo, local onde ficava a pitonisa ou sacerdote, que respondia as mais variadas questões e considerada de extrema importância.

Certo dia a pitonisa relatou a Querofonte que determinado amigo seu era o mais sábio dos homens. Contudo, ao ser informado sobre as palavras da pitonisa, o amigo se mostrou muito surpreso, afinal não tinha nenhuma especialização e se considerava um ignorante.

De forma inesperada, tentou interpretar o que o oráculo havia dito. Optou, então, por interrogar os homens de conhecimento acerca das questões éticas e morais, a vida prática, para encontrar alguém mais sábio.

Diante das respostas que obteve, chegou a seguinte conclusão: “sei que não sei, enquanto os meus concidadãos pensam que sabem o que não sabem”

Na questão 919 d'O Livro dos Espíritos temos:

Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
“Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Vemos, desta forma, que a orientação sobre o caminho para nos tornarmos espíritos mais conscientes da nossa jornada e, com isso, pessoas melhores, está disponível, pelo menos, desde cerca de 500 anos antes de Jesus.

Uma questão que nos resta é: O que fizemos com ela?

A outra pergunta que podemos e devemos fazer é: Como proceder para o autoconhecimento?

Kardec fez esta mesma pergunta e, felizmente para nós obteve uma resposta e inseriu n'O Livro dos Espíritos, questão 919(a):

Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. "

Esta resposta foi trazida pelo filósofo Agostinho de Hipona, também conhecido por Santo Agostinho.

Porém, como evitar o uso de falsa análise? Pois Jesus avisou que temos a tendência em "ver o cisco no olho do outro, mas não vê a trave no próprio olho."

Para isto, Agostinho também traz a resposta ainda na mesma questão:

"Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça"

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NECESSIDADE PSÍQUICA DA ENCARNAÇÃO


02/07/2012

A necessidade da encarnção é uma questão de difícil entendimento e motivo para alguns equívocos. Um bom exemplo da dificuldade encontrada por muitos em se libertar de atavimos que fomos desenvolvendo ao longo da nossa existência como espíritos é um adesivo para carro que diz: “Reencarnação – uma questão de justiça”.

Esta abordagem que, a primeira vista parece válida, ainda é reminiscência do conceito “olho por olho, dente por dente”, onde o indivíduo acredita que a reencarnação visa o “pagamento” de faltas cometidas – errou, tem que pagar. Este entendimento é completamente antagônico com o conceito trazido por Jesus de Deus como pai bondoso.

Todo o processo evolutivo, para estar condizente com a infinita bondade de Deus, deve ser avaliado sob o ponto de vista educativo e como tal ser analisado.

Desta forma, as diferentes encarnações deverão ter sempre a premissa básica da educação e, cada qual, estará na condição e situação que lhe cabe e está em condições de aprender. Assim, as experiências que o espírito vivenciará em um determinado momento serão de um nível compatível com o seu entendimento.

Devemos, ainda, considerar que o entendimento deverá promover algum tipo de transformação e, por enquanto, podemos supor que a tansformação ocorrerá na estrutura psíquica do espírito.

Embora a mente de um espírito seja uma única, isto é, uma mente para cada espírito, nada impede, a princípio, que sua estrutura seja compartimentada e que os diferentes compartimentos interajam entre si.

Nesta abordagem da psique como uma estrutura energética, tem-se que a vontade está relacionada com a soma total de energia envolvida enquanto que o padrão de pensamento está relacionado com a qualidade da energia individualmente. Portanto, a transformação íntima e os fenômenos dependem tanto da vontade quanto do padrão de pensamento10.

Ainda sob o mesmo prisma, deve-se considerar a existência de regiões apresentando diferentes graus de energia, correspondendo ao teor ou qualidade, dentro da própria estrutura psíquica. Nestas regiões ocorreriam eventos (processos mentais) compatíveis com o nível energético e que não necessariamente seriam processos conscientes.

A encarnação teria como finalidade possibilitar o espírito a trabalhar com estas diferentes regiões de sua estrutura psíquica.

Portanto, o exercício do auto-conhecimento é fundamental para uma vida sadia, tanto física quanto mental e o Espiritismo, enquanto doutrina filosófica de consequências morais, tem um papel fundamental de auxílio direto para atingir este objetivo. Jung afirma que “O espiritismo enquanto fenômeno coletivo persegue, portanto, os mesmos fins que a Psicologia médica, e, deste modo, produz, como bem indicam suas manifestações mais recentes, as mesmas ideias básicas – ainda que sob o rótulo de ‘ensinamentos dos espíritos’ – que são características da natureza do inconsciente.”


Veja o estudo completo.



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CAMPANHAS NAS REDES SOCIAIS


04/06/2012

Comportamentos bizarros vão sendo desenvolvidos paulatinamente e, por mais disparatado que seja, tomam ar de normalidade e passam a ser comuns.

Todavia, de tempos em tempos surgem movimentos e/ou manifestações indicativas do que seria comportamento equivocado. Estes movimento e/ou manifestações servem de alertas para a sociedade que, infelizmente, parece não perceber ou não quer se adequar a conduta mais acertada.

As redes sociais são vistas na maioria das vezes como passatempos inúteis, porém, para aqueles que tem "olhos de ver e ouvidos de ouvir" podem encontrar muita coisa boa, dependendo daquilo que lhe seja de interesse.

Redes sociais são utilizadas para divulgação de eventos e conceitos espíritas, por exemplo. Assim, para aquele que comunga destes valores irão, forçosamente, interagir compressoras que pensam de forma semelhante. Porém, dentre seus "amigos" haverão outras pessoas que pensam diferente, mas que, por forca do acaso, recebem a informação salutar.

Alguns movimentos são muito interessantes e trazem informação que, de tão óbvio, não deveriam ser "tão" incomum. Somente para citar alguns:

1) Faça um favor para a humanidade: Diga "não" ao seu filho;

2) Faça uma caridade: Doe fones de ouvido para quem escuta música alta;

3) Campanha para indicar mudança de direção ao dirigir utilizando a seta do automóvel.


Estes exemplos nos fazem pensar sobre o caminho que a humanidade está tomando.

O comportamento inadequado sempre trará algum tipo de dificuldade ou prejuízo, seja financeiro ou moral. Os três exemplos acima parecem três problemas diferentes, mas, na verdade, são apenas ramificações de apenas um: educação.

A falta de educação granjeia a humanidade atual, e isto não esta atrelado ao grau de escolaridade ou poder aquisitivo, pois vemos os mesmos problemas em todos os níveis sociais.

Apesar da maioria esmagadora da humanidade se considerar parte de alguma vertente religiosa, não se observa comportamento condizente com a crença que supostamente professam. Qual seria a explicação para este comportamento?

A resposta não é trivial, mas de alguma forma podemos considerar se tratar da mesma questão dos exemplos apresentados anteriormente: comportamento em desacordo com o que se pensa ou sente.

Todos dizem sentir amor pela prole, mas por que não educar? Por que ensinar os filhos a direção perigosa através do exemplo? Por que não ensinar o respeito pelo próximo?

Precisamos lembrar que o perigo não existe somente devido aos integrantes da própria prole ou família, mas está generalizado e o corremos os mesmos riscos a que pomos os outros pelo nosso comportamento.

Os meios de minimizar os efeitos nocivos decorrentes de comportamentos inadequados através da convivência familiar de maior qualidade, onde a conversa, a fraternidade e o amor devam ser maximizados.



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O QUE É MORAL?


21/05/2012

Ao longo do tempo, desde longa data, surgiram numerosas teorias e formas de apresentação das penas que supostamente estaríamos sujeitos após a morte, na tentativa de colocar um freio no comportamento humano, cuja finalidade era e é adequar o indivíduo para a vida em sociedade.

Desta forma, podemos supor que as religiões de um modo geral visam à transformação do indivíduo para que esteja em acordo com o esperado na vida de relação com os outros. Em outras palavras, visam o desenvolvimento moral de seus adeptos.

Assim, "moral" pode ser interpretado como um sistema de respostas mentais e/ou comportamentais para um conjunto de estímulos.

Quando estes estímulos estão relacionados com a vida em sociedade, sendo regido principalmente pelo modelo coercivo e fiscalizador, isto é, imposto pelas leis humanas e que o não cumprimento acarretará algum tipo de penalidade, podemos denominar de “moral segundo os homens” que varia segundo os costumes de época ou local.

Quando, porém, os estímulos são mais abrangentes, dirigindo o comportamento do indivíduo na sua essência, sem a necessidade de coerção e/ou fiscalização, podemos denominar de moral na sua versão mais sublime, parte integrante do ser e não mais dissociável segundo as sazonalidades das leis humanas. O código de ética para esta moral foi trazida, para o mundo ocidental, por Jesus. Portanto, podemos denominar de moral segundo Jesus.

Importante ressaltar que a “moral segundo os homens” não necessariamente estará em acordo com a “moral segundo Jesus” e esta prevalecerá sobre a primeira.

A moral, em ambos os casos, pode e deve ser desenvolvida através do aprendizado e exercício.

Contudo, a história das religiões registram tentativas infrutíferas, tal como o conceito de “inferno” como um local circunscrito onde as almas dos mortos padeceriam de males inomináveis por toda a eternidade. Este insucesso é uma demonstração clara de que a apresentação do ensinamento moral, como qualquer outro, deverá sempre ser o mais correto possível, independentemente do que possamos pensar ou almejar, pois, devemos ter sempre em mente que os fins não justificam os meios, como é bem demonstrado na seguinte questão d’O Livro dos Espíritos:

974. Donde procede a doutrina do fogo eterno?

“Imagem, semelhante a tantas outras, tomada como realidade.”

a) - Mas, o temor desse fogo não produzirá bom resultado?

“Vede se serve de freio, mesmo entre os que o ensinam. Se ensinardes coisas que mais tarde a razão venha a repelir, causareis uma impressão que não será duradoura, nem salutar.”




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INSERÇÕES NOS LIVROS DO PENTATEUCO KARDEQUIANO


08/05/2012

Os livros da Codificação Espírita apresentam, de forma incomum, grande quantidade de notas que não pertencem ao autor. Encontram-se abundantemente observações creditadas ao editor e tantas outras inseridas pelo tradutor e pelo revisor. Algumas editoras incluem algumas poucas, enquanto outras não fazem economia na quantidade de notas de rodapé.

Estas inserções das mais variadas visam, creio eu, o melhor entendimento do leitor. Contudo, este procedimento é uma “faca de dois gumes”, além de inadequado.

Esta prática contradiz o principal preceito em todo estudo sério: o estudioso deverá, invariavelmente, tirar suas conclusões sobre o texto original. Este procedimento garante que o texto analisado é o mais fidedigno com relação ao pensamento do autor, pois sempre haverá deturpações naturais por parte de quem realiza uma analise.

A Codificação é uma obra muito complexa cujo significado do texto varia segundo o grau de entendimento e necessidade daquele que lê. Portanto, como o tradutor ou editor poderá garantir que tenha tido, primeiramente, o entendimento correto e, além disso, em seu grau máximo? Não estariam eles, porventura, limitando a compreensão do leitor à sua própria capacidade?

Acreditamos que ninguém tem condições de avaliar o quanto uma pessoa poderá entender de um texto qualquer.

Nos cursos e estudos comumente conduzidos nos centros e grupos espíritas haverá sempre a limitação daquele que expõe ou conduz o estudo, contudo, o texto básico de referência deve ser o original para que a fonte seja “pura", sem nenhum tipo de deturpação de significado.

Um bom exemplo da dificuldade que esta prática pode criar encontra-se no livro A Gênese, editado pela Federação Espírita Brasileira - FEB.

Eu estava preparando um estudo sobre agêneres baseado no material disponível no Pentateuco Kardequiano. No livro A Gênese, Cap. XIV, item 36, encontra-se a seguinte informação sobre as manifestações tangíveis: “Formam-se instantaneamente e instantaneamente desaparecem, ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas.”

Infelizmente, esta citação estava seguida de uma nota que diz: “Nota da Editora: As materializações prolongadas, quais as verificadas por William Crookes, não eram, então, conhecidas.”

A nota em questão conduz o leitor, ao menos ocorreu comigo, ao entendimento equivocado de que Kardec afirma que as aparições tangíveis não perduram no tempo. O que me causou consternação é que estaria contrário a outros pontos em que Kardec trata do mesmo assunto, afinal, como balizar um estudo na Codificação se está se encontra em desacordo?

Após algum tempo, percebi que não era este o significado da colocação de Kardec no livro A Gênese, mas somente percebi ao ponderar sobre outras colocações e perceber que não se tratava de uma nota do autor, mas uma inserção indevida.

Ao compreender adequadamente que apenas a formação e o desaparecimento da manifestação tangível que ocorrem instantaneamente, porém, nada é dito, nesta colocação, acerca da duração em que a manifestação tangível perdura.

Uma pequena nota, porém, um grande transtorno.



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AS VÁRIAS FACES DA CIÊNCIA


23/04/2012

Com a crescente disseminação do conhecimento, muitas vezes nos vemos atordoados diante de tanta informação, tão atordoados que nos perdemos neste emaranhado de meios de divulgação, cada qual abordando um tema de forma diferente ou, até mesmo, apresentando versões diferentes para um mesmo fato.

Com os dados e conclusões da ciência não é diferente e, com isso, muitos confundem "reportagens sobre ciência" com "dados e conclusões científicas".

A reportagem sobre ciência tem por finalidade divulgar as pesquisas cientificas e a informação delas decorrentes, porém seriam apresentadas superficialmente, omitindo, muitas vezes, as dúvidas que permanecem e as conjecturas envolvidas nas conclusões.

Revistas comercializadas nas bancas de jornal, tais como Galileu e Superinteressante, sevem para esta finalidade. São escritas por pessoas que conhecem a ciência, mas não desenvolvem pesquisas científicas.

Um nível acima, isto é, mais aprimorada, temos nas bancas de jornal brasileiras a revista Scientific American Brasil e Mente & Cérebro como exemplos. São artigos escritos, muitas vezes, mas nem sempre, por indivíduos que desenvolvem trabalhos científicos. Todavia, a versão apresentada ainda é muito simplificada e as conclusões são elaboradas de forma a facilitar o entendimento, portanto, nem sempre exatos.

Em outra categoria ainda mais especializada, dados e conclusões científicas são aparentados segundo padrões bem rigorosos, onde o cientista deverá apresentar todos os dados e a descrição completa e detalhada da metodologia aplicada para chegar às conclusões. Desta forma, fica claro a abordagem utilizada e as possíveis falhas no trabalho de pesquisa, indicando, sobretudo que as conclusões são decorrentes de avaliações de dados específicos e que não podem ser aplicadas indistintamente.

Numerosas são as revistas para publicação segundo especialidades bem definidas. Os artigos científicos apresentados não são decorrentes de convites formais para redigir um artigo sobre determinado tema, mas cientistas e pesquisadores de todas as partes do planeta podem divulgar seus achados de forma organizada.

Contudo, não basta apenas enviar o texto para este ser publicado. Cada artigo recebido pelo editor da revista é enviado a dois ou mais cientistas especializados na área do artigo para ser avaliado. Frequentemente os autores são requisitados a complementar informação e ou correções do que foi apresentado, podendo ou não ser aceito para publicação.

Estes periódicos são internacionais, isto é, são utilizados por pesquisadores de todos os países e são categorizados por grau de importância através de uma pontuação. Utilizam terminologia técnica, nem sempre compreensível para os menos afeitos a este tipo de texto, por isso, quando apresentados para o publico em geral necessitam ser transcritos em termos mais comuns e, muitas vezes, ocorrem falhas ou detalhes importantes ou muito complexos são deixados de lado.

Apesar destes cuidados, a ciência é progressiva e os achados de hoje considerados como corretos podem ser considerados equivocados amanhã com os avanços alcançados. Existe uma infinidade de exemplos que corroboram com esta afirmação.

O publico em geral não tem conhecimento da existência destas revistas, pois não são comercializadas em bancas de jornal.

As avaliações científicas somente podem ser feitas quando de posse do artigo científico redigido segundo o formalismo adequado, caso contrário precisamos lembrar que estamos diante de uma interpretação feita por aquele que redigiu a reportagem.

Vale ressaltar que os livros escolares também abordam a questão de maneira relativamente superficial, dependendo, é claro, do nível ao qual o livro foi escrito.

Portanto, quando Kardec salientou para quando a ciência se contrapor ao Espiritismo para ficarmos com a ciência, devemos ter sempre em mente que é necessário avaliar adequadamente a informação que chega até nós.



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CUIDADOS NO PASSE


25/03/2012

O passe é um procedimento muito usado nos centros espíritas como parte do tratamento espiritual visando o restabelecimento da saúde física e/ou mental ou estabelecer a condição de harmonia para os aflitos.

Nesta visão terapêutica do passe, é fácil de compreender que deva ser motivo de estudo e ponderações por parte de todo aquele que esteja envolvido no procedimento, direta ou indiretamente, como os médiuns de sustentação.

Visando contribuir para o melhor entendimento, o passe já foi tema de outro texto, intitulado “Considerações Sobre o Passe” , já apresentado neste site, aonde vimos apresentar a abordagem de fluxo fluídico ao invés da doação direta.

A doação direta de fluido sobre a região afetada ser extremamente útil nos casos de lesão, situação na qual as próprias células da região afetada seriam fortalecidas e ativadas, favorecendo a recomposição física.

Todavia, em outros casos a doação direta de fluido não é indicada. Estes são os casos de tumores, seja benigno ou não, em que as células apresentam um “comportamento não adequado” para o meio em que se encontra.

Este comportamento inadequado seria decorrente da dificuldade de comunicação entre o espírito que gerencia o corpo e algumas das células que o compõem. Desta forma, podemos dizer que as células do tumor não estariam em sintonia com o todo e, por este motivo, seriam mais fracas.

Como os procedimentos médicos no tratamento de tumores malignos são baseados nesta “fragilidade” celular e, por isso, morrem mais facilmente, o tratamento espiritual deverá, portanto, evitar o fortalecimento destas células através de um procedimento adequado de passes.

Estas questões são abordadas com maior aprofundamento nos artigos “Mecanismo da Doença – Um Ensaio” , “O Passe Espírita” e “O Passe nos Casos de Pacientes com Tumor” .



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COMO PROCEDER NO ESTUDO DAS OBRAS DA CODIFICAÇÃO?


01/03/2012

Percebemos, muitas vezes, no movimento espírita, certa confusão acerca do melhor procedimento para se estudar as obras da Codificação Kardequiana, especialmente sobre a sequência que deva ser adotada ou uso de livros outros.

Precisamos sempre ter em mente que o espírito que encarnou sob o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail é um pedagogo por excelência, inclusive sua trajetória nesta existência corpórea foi voltada para a educação. Mais tarde utilizou do pseudônimo Allan Kardec apenas para desvincular a obra espírita dos livros didáticos que escreveu, mas nem por isso deixou de ser quem ele era.

Desta forma, devemos considerar que a melhor forma para se estudar a Codificação é exatamente a sequência na qual foi escrita e que os melhores livros serão sempre a própria obra.

Como espíritas, não devemos tentar melhorar algo que ainda não temos conhecimento completo, pois, certamente, qualquer tentativa neste sentido será desastroso para o próprio Espiritismo; a questão será apenas do “tamanho” do desastre: pequeno, médio ou grande.

Acreditamos que muitos até acreditam possuírem conhecimento completo da obra e, com isso, pretendam saber mais que o próprio Kardec. Isto é um equívoco monstruoso, demonstração clara de orgulho.

Formatar o estudo da Codificação de outra forma além daquela prevista pelos espíritos responsáveis e pelo próprio Kardec e alterar a sua essência mais básica, pois estaria introduzindo uma forma pessoal de interpretação que será diferente da original.

A Codificação não foi obra do acaso nem, tampouco, ocorreu sem o devido planejamento para atingir o objetivo. Assim sendo, embora muitos não compreendam, existe um motivo para a ordem com que os livros foram escritos.

O espírito Vianna de Carvalho, no livro Médiuns e Mediunidade, Cap. 2, pela psicografia de Divaldo Franco, expõem sua opinião sobre a obra da Codificação nos seguintes termos:

Um observador cuidadoso notará, sem dúvida, ao estudar a Codificação Espírita, o perfeito plano da obra, demonstrando, na sua estrutura didática, a excelente realização de Allan Kardec e a completa identificação das mentes espirituais que a planificaram com aquele que a executou.

...

Posteriormente, ao elaborar O Livro dos Médiuns, que é um desdobramento de parte daquela obra (O Livro dos Espíritos), o Codificador examinou a questão de máxima importância, no capítulo primeiro, interrogando se ‘há espíritos’, como natural consequência da existência de Deus

Aprofundando o assunto, prescreveu a necessidade de demonstrar-se antes a existência dos espíritos, a fim de partir-se para o exame das comunicações pelas quais se comprova a realidade dos mesmos.

De imediato, preocupou-se em orientar o indivíduo, no sentido de que, antes de tornar-se espiritista, seja espiritualista, isto é, primeiro conceba a existência dos seres espirituais para cuidar, depois das suas comunicações.




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PARÁBOLAS


06/02/2012

As parábolas são formas alegóricas utilizadas para transmitir conceitos e ideias que estariam fora do alcance de entendimento direto, muito comumente utilizado pelas vertentes religiosas. A necessidade do uso de parábolas pode ser exemplificada muito claramente: Como explicar a cor vermelha a um cego de nascença? Vemos que não é tarefa fácil e seria necessário recorrer a imagens outras para que o cego tenha uma vaga noção do que se deseja transmitir.

Jesus fez uso de estórias simbólicas ao longo dos três anos de pregação para transmitir conceitos acerca da vida e morte, do Reino de Deus, questões morais, etc. e são encontradas em grande número no Novo Testamento.

Todavia, é imperioso ter em mente que os evangelistas Marcos, Mateus, Lucas e João escreveram as suas versões do Evangelho de Jesus após a desencarnação deste, além disso, muitas cópias e traduções foram realizadas, como diz Kardec (ESE cap. XXIII - ESTRANHA MORAL):

Certas palavras, aliás, muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com o seu modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o sentido literal, sem que a sublimidade da sua doutrina sofra qualquer dano. Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos Evangelhos foi redigido enquanto ele vivia, lícito é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. Basta que um erro se haja cometido uma vez, para que os copiadores o tenham repetido, como se dá frequentemente com relação aos fatos históricos.

Ainda vale ressaltar que Kardec deixa muito claro logo na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo que podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos:

1. Os atos comuns da vida de Jesus;
2. Os milagres;
3. As predições;
4. As palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas;
5. E o ensino moral.


“As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva.”

Desta quinta parte que foi retirado o material para análise no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, parte integrante do Pentateuco Kardequiano, base da Doutrina Espírita.

Diante do exposto, pode-se considerar que todo o material disponível foi analisado e apenas se encontra na Codificação Espírita aquele que foi selecionado e aprovado como completo pelos espíritos responsáveis pelo trabalho.

Tomemos para análise a Parábola do Grão de Mostarda (Mateus, Marcos e Lucas) que diz o seguinte:

"O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos."

O primeiro e mais importante ponto que necessitamos estar atentos é que esta parábola não consta do O Evangelho Segundo o Espiritismo, portanto, não temos uma avaliação dada pelos espíritos responsáveis pela Codificação. Podemos, então, dizer que não existe uma avaliação espirita propriamente dita, mas à luz do espiritismo elaborado pelos espíritas.

O segundo ponto é que o "reino de Deus" per se não pode ser comparado ao grão de mostarda, mas a nossa percepção deste reino, pois o "reino de Deus" seria o Universo de Deus já existente em toda sua grandiosidade, não confundir com o nosso universo conhecido.

O terceiro ponto que requer atenção e onde muitos incrédulos se firma é o fato da planta mostarda ser um arbusto e não se torna árvore. Jesus, obviamente, estava ciente disto, tanto que se refere a planta como "hortaliça" - que se cultiva em horta (ou alguma palavra semelhante em decorrência da tradução).

Estas discrepâncias, para os espíritas, não representam problema algum, pois temos orientação na Codificação de como analisar esta questão e similares, como demonstrado acima.

A Parábola do Semeador (Mateus e ESE Cap. XVII) exprime mais claramente a ideia que normalmente se atribui a Parábola do Grão de Mostarda:

Aquele que semeia saiu a semear; - e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram. - Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. - Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram. - Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. - Ouça quem tem ouvidos de ouvir.

Escutai, pois, vós outros a parábola do semeador. - Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o que lhe fora semeado no coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho. - Aquele que recebe a semente em meio das pedras é o que escuta a palavra e que a recebe com alegria no primeiro momento. - Mas, não tendo nele raízes, dura apenas algum tempo.

Em sobrevindo reveses e perseguições por causa da palavra, tira ele daí motivo de escândalo e de queda. - Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas, em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera. - Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um.


Kardec apresenta uma interessante avaliação ao comparar a parábola do Semeador com o comportamento dos espíritas:

1. Os que apenas atentam nos fenômenos materiais e nenhuma consequência tiram deles, porque neles mais não veem do que fatos curiosos;
2. Os que apenas se preocupam com o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, pelas quais só se interessam quando lhes satisfazem à imaginação, e que, depois de as terem ouvido, se conservam tão frios e indiferentes quanto eram;
3. Os que reconhecem muito bons os conselhos e os admiram, mas para serem aplicados aos outros e não a si próprios;
4. Aqueles, finalmente, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos.

Vemos, portanto, nesta comparação que uma parábola que não foi selecionada pelos espíritos responsáveis pela Codificação pode apresentar falhas ou dificuldades de interpretação. Por outro lado, aquelas que são apresentadas n'O Evangelho Segundo o Espiritismo são mais claras e, independente disto, também são apresentadas avaliações tanto de Kardec quanto dos próprios espíritos.




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MÉDIUNS DE SUSTENTAÇÃO


16/01/2012

Nos trabalhos mediúnicos, em geral, existe a necessidade essencial da participação do que denominaremos de "médium de sustentação", sendo aquele que irá auxiliar o médium de incorporação para a manifestação do espírito comunicante, porém, sua tarefa vai muito além de mero auxílio material.

Nas manifestações mediúnicas haverá a presença de espíritos em dificuldades, sejam desencarnados, como nos trabalhos de esclarecimento aos desencarnados, ou encarnados, como no tratamento espiritual onde há presença ostensiva de mentores espirituais. Exceção é feita às reuniões de estudo com a presença dos mentores espirituais e dos trabalhadores encarnados regulares.

O médium de sustentação é também responsável, juntamente como o médium da manifestação, pela manutenção do ambiente psíquico harmonizado e tranquilo. Diante do atendimento, seja ao desencarnado na incorporação mediúnica ou encarnado nos trabalhos de orientação conduzidos pelos mentores, deverá manter a mente alinhada com o objetivo da tarefa, evitando emanação mental de opiniões pessoais.

Um equívoco comum em atividades mediúnicas é a tentativa de indução mental por parte da sustentação naquele que conduz a conversação, quando se acredita, na grande maioria das vezes equivocadamente, que algo não está correto. Essas manifestações não passam de exacerbação do personalismo e apenas prejudicam o andamento da tarefa.

A aplicação de passes em médiuns durante a manifestação mediúnica também deve ser evitado, pois a indução psíquica pode ser ainda mais intensa.

Tenhamos em mente os ensinamentos transcritos a seguir que, consideramos, são claros e não deixam dúvidas com relação ao procedimento que deve ser adotado nas tarefas mediúnicas:

Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz; Cap. 12

Idéias, elaboradas com atenção, geram formas, tocadas de movimento, som e cor, perfeitamente perceptíveis por todos aqueles que se encontrem sintonizados na onda em que se expressam. Não podemos olvidar que há fenômenos de clarividência e clariaudiência que partem da observação ativa dos instrumentos mediúnicos, identificando a existência de pessoas, paisagens e coisas exteriores a eles próprios, qual acontece na percepção terrestre vulgar, e existem aqueles que decorrem da sugestão que lhes é trazida pelo pensamento criador dos amigos desencarnados ou encarnados, estímulos esses que a mente de cada médium traduz, segundo as possibilidades de que dispõe, favorecendo, por isso mesmo, as mais díspares interpretações.

No Invisível, Léon Denis; Cap. XIX

O estado de transe facilita a sugestão. Nos fenômenos de escrita e da mesa o médium se conserva na plena posse do seu “eu”, de sua vontade, e poderia repelir as inspirações que recebe. No desprendimento já se não dá o mesmo. A alma se tem retirado e o cérebro material fica exposto a todas as influências. Quando está suficientemente protegido, o médium torna-se receptivo, tanto às sugestões de um magnetizador como às dos assistentes ou de um Espírito. É o que muitas vezes lança certa confusão na interpretação dos fatos e exige, da parte dos experimentadores, extrema prudência. Em tal caso é difícil distinguir a natureza real das influências atuantes. Hudson Tuttle, médium ele próprio, o faz notar em seu livro “Arcana of Spiritualism”:

“Os grupos espíritas são freqüentemente joguete de uma ilusão, enganados por suas próprias forças positivas. Afastam os ditados espíritas, substituindo-os pelo reflexo de seus próprios pensamentos; e então observam contradições e confusões que ingenuamente atribuem à intervenção de Espíritos malévolos.”

É preferível, por isso, deixar agirem sozinhos os Espíritos sobre o médium, abstendo-se de toda intervenção magnética humana. Foi sempre o que fizemos, no curso de nossos estudos experimentais. Em raras circunstancias, quando, faltando-lhes de repente a força psíquica, as Inteligências nos pediam que atuássemos sobre o médium por meio de passes; bastava essa passageira intervenção para fazer crer aos assistentes numa ação sugestiva de nossa parte. Na maioria das vezes, os fluídos de um magnetizador, por seu estado vibratório particular, contrariam os dos Espíritos, em lugar de auxiliá-los. Têm estes que se entregar a um trabalho de adaptação, ou purificação, que esgota as forças indispensáveis à manutenção. Um magnetizador, cujos fluidos não sejam puros, que não possua um caráter reto, nem irrepreensível moralidade, pode, mesmo sem o querer, influenciar o sensitivo num sentido muito desfavorável.




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POBRES DE ESPÍRITO E ESPÍRITOS POBRES


28/12/2011

Antes mesmo do ano 2012 começar, já traz um ranço obscuro a seu respeito.

Segundo o recém-famoso Calendário Maia, o mundo chegaria ao seu fim no ano 2012 de nossa era. [O Calendário Maia é um sistema de calendários usados pela civilização maia da Mesoamérica (região da América Central) pré-colombiana, e por algumas comunidades maias modernas dos planaltos da Guatemala.- informação do Google]

Antes disso, alguém disse que o mundo terminaria em 11/11/11. Antes, ainda, no ano 2000. Por aí vai.

Observamos na proximidade destes eventos uma grande comoção, quando numerosos livros sobre o tema são escritos, inclusive alguns que são denominados de "livros espíritas".

Vamos, então, usar este assunto para analisar a diferença entre POBRES DE ESPÍRITO e ESPÍRITOS POBRES.

Segundo as crenças cristãs baseadas nas palavras da Bíblia, após a morte, as almas permaneceriam em estado de sono profundo a espera do Juízo Final, quando seriam separados os bons dos maus para toda a eternidade indo, cada um, para locais específicos.

Considerando os adeptos destas crenças, os Pobres de Espírito seriam aqueles que, sabendo que este dia chegaria, seriam inteligentes o suficiente para conduzirem adequadamente uma existência de algumas décadas de anos para usufruírem das benesses divinas por todo o sempre.

Podemos até dizer que se trataria de um comportamento interesseiro, não adequado para os Pobres de Espírito. Contudo, o próprio conceito de Pobres de Espírito está relacionado com a supremacia da vida eterna em detrimento da denominada "vida mundana".

Em contrapartida, ainda para os adeptos das mesmas crenças, os Espíritos Pobres priorizam a vida mundana em detrimento da vida no paraíso.

É importante salientar que a posição perante a vida conduz ao comportamento pessoal diante do fim do mundo. Assim considerando, os primeiros manteriam a paz e harmonia, enquanto que os últimos se manteriam em polvorosa diante do que considerariam o horror do final dos tempos.

Vamos, agora, analisar aqueles que nos interessam: nós mesmos, os espíritas.

Sabemos que, após a desencarnação, não ficaremos dormindo, mas em plena atividade segundo nossos interesses pessoais. Mas, mesmo assim, tememos a desencarnação e, se existem livros que são considerados espíritas sobre o fim do mundo, nós também tememos o fim do mundo.

Certamente não podemos generalizar, pois muitos não temem a desencarnação e nem o “fim do mundo”.

Assim sendo, mesmo entre os espíritas, os primeiros seriam os Espíritos Pobres e os últimos os Pobres de Espíritos. Cada um deverá, portanto, realizar uma auto análise para verificar onde se encaixa.

O ensinamento de Jesus no conhecido Sermão da Montanha quando apresenta as bem-aventuranças apresenta o seguinte conceito: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus”.

Devemos, portanto, decidir o que desejamos para nós mesmos e podemos começar em 2012, com ou sem o “fim do mundo”.



Obs.: O Sermão da Montanha é apresentado na íntegra no Evangelho Segundo Mateus, do Cap. IV, vv. 23 ao Cap. 7 e cada uma das bem-aventuranças é tema para longo estudo no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo.



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