Sobre Espiritismo    
Claudio C. Conti    

  


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O Átomo de Carbono

Planetas e Mundos

Objetivo da Encarnação

Emanações do Espírito

Pluralidade dos Mundos Habitados

Diversidade das Raças Humanas

Biologia Quântica

Povoamento da Terra

Teoria da Presciência

Formação dos Seres Vivos

Léon Denis e o Espiritismo

Perguntas e Respostas Sobre Mediunidade

Qual Seria o Grande Enigma?

Formação dos Mundos

Fuga da Realidade

Sono e Sonhos

Interesse Pessoal e o Discernimento

Espaço Universal

O ÁTOMO DE CARBONO


31/12/2015

Os elementos químicos são apresentados, para facilitar o estudo e aplicações, na forma de uma tabela, a Tabela Periódica, onde são organizados de acordo com o número correspondente a quantidade de prótons presentes no núcleo, o número atômico, e suas propriedades químicas, tal como a capacidade de, ligando-se entre si, formar moléculas, que são os compostos químicos.

Atualmente considera-se que existem 114 elementos, entre os que ocorrem naturalmente e aqueles produzidos pelo homem, os artificiais. Este número, todavia, pode aumentar. Estes elementos podem ser agrupados segundo propriedades comuns e são entendidos e estudados de acordo com estas propriedades que apresentam.

Assim, temos, por exemplo, os gases nobres, são seis elementos que não reagem, isto é, não formam compostos e existem como átomos isolados; os metais que formam, com seus pares, ligações específicas que garantem a estrutura uma série de propriedades bem características e úteis para o dia-a-dia; e assim por diante, temos os alcalinos, os semi-metais, os halogênios, entre outros.


Contudo, um dos elementos que apresenta uma propriedade ímpar: o Carbono. Este elemento possui a capacidade de formar longas cadeias de si mesmo, isto é, átomos de carbono se ligam a átomos de carbono, podendo chegar a moléculas muito longas. Além disto, podem se ligar a outros elementos, aumentando enormemente as características e propriedades das moléculas orgânicas. Um bom exemplo é a tão conhecida molécula de DNA. Esta capacidade de formar diversos compostos químicos é tão específica e especial que foi criado um ramo da Química voltado para o seu estudo, a Química Orgânica, e os seus compostos são denominados de “moléculas orgânicas”.

Essa propriedade especial do átomo de Carbono é que os trabalhadores de Jesus selecionaram como a ferramenta mais adequada para a manifestação da vida na Terra. Podemos, então, com o nosso apoucado conhecimento para a compreensão do trabalho desenvolvido, elaborar algumas suposições a este respeito. No artigo Formação dos Seres Vivos publicado no Jornal Correio Espírita de outubro de 2014, apresentamos um estudo sobre a ação dos trabalhadores de Jesus na elaboração das formas nos primeiros estágios do planeta para a experiência canal de espíritos que aqui viriam habitar.

A versatilidade que o átomo de carbono apresenta é uma ferramenta muito adequada na construção da organização física pelo espírito reencarnante, pois toda a estrutura corporal é baseada neste elemento. Não queremos dizer com isso que todo o corpo é formado por átomos de carbono e moléculas orgânicas apenas, pois muitos outros elementos são necessários e um bom exemplo é o elemento químico Cálcio na formação dos ossos. Contudo, a parte relativa a estrutura e funcionamento dos órgãos é basicamente carbono.

Portanto, o espírito reencarnante necessita principalmente do conhecimento sobre as propriedades químicas de um único elemento para a elaboração do seu veículo de expressão enquanto na experiência carnal. O que devemos considerar como uma grande simplificação do processo para uma etapa extremamente complexa na existência do espírito.

Assim, sem o átomo de carbono não haveria vida como a conhecemos.

Apesar do que possa parecer, tudo na obra da Criação deve tender para a simplicidade, isto é, os processos a que o espírito estaria sujeito são os mais simples possíveis. Somos forçados a reconhecer a capacidade dos espíritos que aqui vieram para nortear a manifestação da vida material. Todavia, nós, em contrapartida, temos a tendência a complicar e dificultar estes processos.

De posse dessa informação, podemos analisar a questão 61 d'O Livro dos Espíritos que diz que a matéria é a mesma para os corpos orgânicos e inorgânicos, mas que nos corpos orgânicos a matéria está animalizada.

Assim, além das propriedades especiais identificadas pela ciência humana para o elemento químico Carbono, podemos compreender que exista uma outra propriedade não identificada ainda, mas que pode ser extrapolado da informação trazida pela Codificação Espírita, que é a capacidade do espírito de se ligar com a matéria que compõe o fluido vital que, por sua vez, também deve ser constituído por estruturas semelhantes aos nossos átomos.

Assim, o átomo de carbono formaria longas cadeias com outros átomos de carbono na densidade da Terra e, também, com seu equivalente na densidade mais sutil do fluido vital; este, por sua vez, formaria ligações com seus átomos equivalentes no perispírito, animalizando toda uma estrutura orgânica e dando ensejo para que os comandos mentais do espírito possam repercutir e atuar nesta estrutura. Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em Abril de 2015







PLANETAS E MUNDOS


14/10/2015

Apesar de, na linguagem comum, as palavras “planeta” e “mundo” se confundirem, quando analisados sob a ótica espírita apresentam conotações diferentes.

Os planetas são estruturas materiais nas quais os espíritos se ligam, se agrupando em conformidade com o grau evolutivo que se caracterizam. Por "grau evolutivo" devemos entender como o nível de compreensão de sua realidade como ser espiritual e que todos fazem parte de um processo que costuma-se denominar de "Criação", sendo merecedores de respeito e funcionando como um organismo único, onde todos trabalham pelo bem de todos.

Os mundos são as circunstâncias para a vida estruturadas e moldadas pelos próprios espíritos que habitam determinada região e em certa condição de existência, podendo esta região ser, inclusive, um planeta. A condição de existência está relacionada com o tipo de matéria envolvida, tal como na nossa condição de existência que está relacionada com a matéria densa como conhecemos.

Desta forma, a constituição física de expressão para o espírito encarnado não é a mesma nos diferentes mundos; cada qual oferece as condições necessárias para que os espíritos que neles habitam tenham a oportunidade de vivenciar experiências essenciais para o seu de aprendizado. Por serem estruturadas pelos próprios espíritos em acordo com seus condicionamentos, cada um está no lugar exato que devem estar em acordo com suas necessidades.

No planeta Terra e na condição de existência dos encarnados, se agrupam espíritos cujo grau evolutivo ainda é muito baixo, estruturando, portanto, o que é denominado de "mundo de expiação e provas", onde o mal predomina e, consequentemente, o sofrimento.

O conceito trazido pelo Espiritismo sobre mundos de expiação e provas, como sendo a aglomeração de espíritos equivocados, já havia sido citado por Jesus quando disse: "Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes."

A humanidade encarnada do planeta Terra necessita iniciar um processo de autoquestionamento do porquê existem sofrimentos de variados matizes, isto é, o motivo pelo qual vivemos em um mundo cuja característica principal é a existência do mal. A resposta para tal questionamento deverá ser o nível de egoísmo e orgulho que a sociedade em geral se encontra, onde cada qual se ocupa apenas consigo mesmo, sem pensar que as ações pessoais podem causar dano aos outros, tal como é apresentado n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, nas palavras do espírito conhecido como Santo Agostinho, que diz: “Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho.”

As circunstâncias para a vida em determinado mundo é reflexo daquilo que permeia a mente daqueles que nele habitam. Assim, a conturbação social atual da Terra é um reflexo da conturbação mental da população, que não é capaz de perceber o caos ao redor e do qual contribui e faz parte. Toda a discussão de questões desta ordem se deve ao fato de que a humanidade ligada ao planeta, no seu atual estágio evolutivo, ainda não consegue valorizar a vida pela vida apenas, tudo gira em torno dos interesses pessoais.

Temos a tendência em achar que "pouca coisa" não faz mal e seguimos nossas vidas expondo os outros a danos para não ficar um minuto esperando no semáforo ou trafegar em sentido oposto ao obrigatório na via para não dirigir por mais um quilômetro. Depois, com o tempo, nos acostumamos e passamos a querer "poupar" dois minutos ou dois quilômetros e, assim, a vida segue, até chegar na casa dos milhões de reais ou tirar a vida de pessoas pelo que elas falam ou pensam.

Não adianta criticar o outro por fazer o inadequado mais frequente ou maior que nós; é preciso contribuir para o bem estar geral. Se não conseguirmos organizar a mente para naturalmente organizar o exterior, podemos trabalhar ao contrário, isto é, nos forçar a organizar o exterior para organizar a mente.

Existem diferentes categorias de mundos em conformidade com o grau evolutivo de seus habitantes, desde os inferiores até os superiores, passando por uma variedade de gradações. Além disto, os mundos podem passar de uma categoria para outra, contudo, nestas mudanças os espíritos não são levados como numa onda para uma condição melhor, pois os mundos não se transformam por si só, mas a humanidade que nele habita. Os espíritos que não acompanharem a transformação geral necessitarão partir para outro local onde se ajustarão.

“Há muitas moradas na casa de meu Pai”, como Jesus apresentou, é um alerta de que a existência humana não necessita ser de lamentações e a transitoriedade da vida na matéria deve servir como um motivo para uma vida plena e feliz.



Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em Março de 2015







OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO


15/09/2015

O objetivo da encarnação é abordado em um item n'O Livro dos Espíritos e contém apenas três questões (132,133 e 133a). Todavia, este tema é complexo, requer atenção e necessita ser correlacionado com outros pontos constantes na Codificação Espírita para que se possa elaborar em entendimento mais completo par formar um corpo de ideia a este respeito.

Importa ressaltar que é necessário abstrair-nos da encarnação como conhecemos, com as características em um mundo de expiação e provas, e considerar a encarnação de forma geral, outras condições de mundos e de corpos físicos.

Na questão 132, na qual Kardec pergunta obre o objetivo da encarnação dos espíritos, a resposta obtida é longa, mas logo no início dizem que é para "fazê-los chegar à perfeição” e que para isso é preciso "sofrer todas as vicissitudes da existência corporal” e que "nisso é que está a expiação”.

Por esta resposta, pode-se supor que todos os espíritos estariam sujeitos à expiação. Contudo, como imaginar um processo evolutivo elaborado pela suprema bondade e inteligência, Deus, em que processos expiatórios seriam uma fatalidade para seus filhos? Percebe-se, assim, que esta questão necessita de aprofundamento.

Encontramos no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 16 do capítulo III, com relação aos mundo de regeneração, o seguinte:


"Cada turbilhão planetário, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo seus mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade. Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”


Pelo seguimento de texto apresentado, temos que o espírito no seu início é ignorante do bem e do mal, portanto, não há necessidade de se regenerarem.

Vemos, ainda, que o espírito é dotado de amplas faculdades de praticar o bem e, sendo uma Criação direta de Deus, podemos imaginar que, na sua origem, não possua nenhuma faculdade para praticar o mal. Desta forma, a lógica nos diz que praticar o mal não pode ser uma fatalidade para o espírito, pois não podemos considerar um processo evolutivo em que o espírito precisaria desenvolver faculdades para praticar o mal para, depois, necessitar de processos de depuração para não mais praticar o mal.

Ainda no seguinte de texto extraído d’O Evangelho Segundo o Espiritismo verificamos que a análise deve realmente ser mais ampla e considerar outras possibilidades, pois também consta a seguinte expressão: "Mas, ah! há as que sucumbem”, portanto, haverá os que não sucumbem. Considerando esta colocação, como a lógica nos diz, a depuração através da expiação é para os que sucumbem.

A sequência das perguntas demonstra que Kardec estava ciente desta questão, tanto que suas perguntas estão relacionadas com aqueles que não sucumbem e que estão reproduzidas a seguir:


133. Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem?

“Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.”


133 a) - Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal?

“Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são muitas vezes a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos.”


As atribulações e expiação não são inerentes à encarnação propriamente dita, mas ao comportamento do espírito e sua relação com os outros. Daí o ensinamento de Jesus ao apresentar as Lei: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Pois, somente através do amor, sem expressões de ódio, egoísmo e orgulho, é que a vida se torna sem aflições e, consequentemente, com menos enfermidades e com menor gravidade das que conhecemos na Terra.

A isenção completa de imperfeições, conduz à isenção também completa de aflições. Entre a isenção completa de imperfeições e o grau máximo que um espírito pode chegar existe uma gradação infinita de níveis aflitivos para o espírito encontrar material para sua depuração.







EMANAÇÕES DO ESPÍRITO


22/08/2015

Muito pouco se sabe sobre a natureza íntima do espírito e, consequentemente, todos os processos envolvidos. Contudo, dentre o que se tem conhecimento através da informação disponibilizada pela Codificação Espírita, contando, inclusive, com as obras complementares de autores espirituais e médiuns reconhecidos como merecedores de crédito, pode-se salientar que, segundo a questão 23-a d'O Livro dos Espíritos, o espírito é alguma coisa, pois o nada não existe.[1]

Desta forma, o espírito, sendo alguma coisa, pode e deve ser considerado, dentro da limitação humana, como um processo no qual uma estrutura base é capaz de exercer funções. Como todo processo, existiria um fluxo energético inerente à essência do espírito. Considerar o espírito como sendo uma estrutura base pode ser apreendido da própria Codificação Kardequiana, no qual se afirma que a união entre espírito e matéria é necessária para nós, os encarnados, em decorrência do fato de que nossa organização física não ser apta para perceber o espírito[2].

Em decorrência da união entre espírito e matéria, tem-se, portanto, dois processos interagindo entre si em sinergia. A perfeita sinergia corresponde a estados de saúde; a enfermidade, por sua vez, é decorrente do desvio desta perfeita sinergia, cuja grau de desvio corresponderá à gravidade do estado enfermiço.

Como todo processo, forçosamente haverá energia envolvida, seja como fluxo, circulante ou ambas. Os processos e a energia envolvidos na estrutura do espírito, do corpo material (perispírito e corpo físico) e da união de todas estas estruturas, seriam responsáveis pelas “emanações do espírito”.

Uma das emanações principais seria o pensamento. Os conceitos que normalmente são atribuídos à processo mental e pensamento se confundem e não deixam claras as propriedades e características de cada um deles, tomando-se o efeito pela causa. Todavia, a distinção é necessária.

Servindo-se da lâmpada incandescente para efeito de comparação, quando da passagem da corrente elétrica há o aquecimento de um filamento e, como consequência, ocorre a emissão de luz. Portanto, o efeito principal é o aquecimento do filamento e a emissão de luz é secundário.

Assim, o espírito elabora processos mentais (principal) e, como consequência há a irradiação de ondas de pensamento (secundário). Todas as atividades do ser inteligente estão relacionadas com processos mentais que são exteriorizados pelas ondas de pensamento que, por sua vez, são carreadoras de informação; a informação pode estar relacionada com sentimentos, emoções, etc. Em sua trajetória, as ondas de pensamento são capazes de realizar trabalho ao exercer ação sobre o fluido cósmico.[3]

O processo mental ocorre na estrutura psíquica e é irradiado como pensamento na forma de ondas mentais. Estas ondas repercutem no espírito, persistindo no perispírito e corpo físico sendo, então, irradiado.

O segundo componente de emanação seria a aura. O espírito André Luiz, diz o seguinte com relação ao campo da aura: “Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares...” [4].

No campo material, todo sistema mantido por correntes ou cargas elétricas possui um campo eletromagnético associado. Portanto, o corpo físico, sendo também um sistema que contém cargas e produz corrente elétrica, deve gerar, em seu entorno, um campo associado que o interpenetra e irradia. Na mesma linha de raciocínio, podemos considerar comportamento análogo para o perispírito, porém, por ser matéria em outro estado, o campo deverá ser de estado correspondente.

Com relação à estrutura base do espírito, pode-se também considerar a formação de um campo associado, embora as suas propriedades e características ainda sejam desconhecidas.

O terceiro componente de emanação seria o fluido. Kardec diz que "A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar."[5]

O funcionamento dos órgãos físicos, necessário para a manutenção da vida orgânica, consome fluído, mas também o produz através da alimentação, respiração, etc. Vale ressaltar o importante componente do pensamento no desenvolvimento salutar ou enfermiço do corpo, que tanto pode auxiliar na produção quanto no consumo excessivo do fluido vital.

Os termos "eletricidade animal" e "magnetismo animal" são decorrentes do fato de que, à época de Kardec, tanto a eletricidade quanto o magnetismo ainda eram pouco conhecidos e, por isso, alguns fenômenos eram designados por estes nomes. O Espiritismo esclarece a teoria dos fluidos, portanto, o fluido vital é um tipo específico de fluido encontrado nos corpos físicos dos encarnados, podendo emanar naturalmente ou ser doado intencionalmente.

Certamente existem outros tipos de emanações que ainda não conhecemos, mas seguramente, com estes poucos se Tm disponível material de estudo suficiente por longos anos, até que a humanidade possa compreender todos os matizes envolvidos nos processo relacionados com o ser e as consequências para a nossa realidade espiritual.


Bibliografia:

[1] Allan Kardec; O Livro dos Espíritos; Tradução Guillon Ribeiro; 76ª edição, FEB, [1857] 1995; Questão 23-a.

[2] Ibidem; Questão 25-a.

[3]Claudio C. Conti; Hierarquização dos processos mentais; http://ccconti.com/Artigos/HierarquizacaodosProcessosMentais.pdf

[4] André Luiz (espírito); Mecanismos da Mediunidade; psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, 15a edição, Livraria FEB, 1997; Cap. X; pg. 83.

[5] Allan Kardec; A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo; Tradução Guillon Ribeiro; 36ª edição, FEB, [1868] 1995; Cap. V, item 18.


Texto originalmente publicado na revista Cultura Espírita junho de 2015







PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS


22/07/2015

O mundo da ficção cinematográfica sempre foi profícuo em inventar tecnologias e eventos "científicos" dos mais diversos. Filmes e seriados sobre viagem no tempo foram os grandes preferidos por instigar a imaginação, sem contar com a enorme diversidade de estórias que ficam à disposição do autor, pois as produções não ficavam restritas à situação do momento em que foram criadas, mas tanto do passado quando do futuro imaginado. Como exemplos, podemos citar os filmes: O Túnel do Tempo, O Vingador do Futuro, De Volta para o Passado e De Volta para o Futuro.

Algumas teorias no campo da Física demonstram a possibilidade de realmente se viajar no tempo, sendo a Teoria da Relatividade a que mais contribuiu nesta área. Todavia, ainda existe a impossibilidade de condição material para que seja efetivamente testada.

Contudo, ainda se trata de um tema polêmico no meio científico, aceito por uns e repudiado por outros, como é de se esperar por se tratar de assuntos que se localizam na fronteira do conhecimento. Somente com a evolução da ciência é que esta fronteira vai, gradativamente, se expandindo e teorias podem ser comprovadas ou categoricamente refutadas.

Um comentário muito interessante pode ser encontrado no livro O Universo Numa Casca de Noz, de Stephen Hawking, demonstrando o cuidado necessário sobre temas que não são completamente conhecidos. O autor inicia o capítulo que trata sobre viagem no tempo contando uma história sobre várias apostas, entre ele e um colega de nome Kip, sobre assuntos polêmicos no ramo da Física e termina o capítulo dizendo o seguinte: “Como bons jogadores, Kip e eu gostamos de apostar em peculiaridades como essa. O problema é que não podemos apostar um contra o outro, por estarmos agora do mesmo lado. Em compensação, eu não apostaria com mais ninguém. Ele poderia ser do futuro e saber que as viagens no tempo funcionam.”

Outro tema polêmico é a existência de vida em outros planetas. Muitos defendem a tese veementemente, enquanto outros a tratam com inteiro descaso. A ciência não comprova, apesar de existirem esforços nesta direção, mas também não a descarta. Contudo, já se enviou sondas ao planeta Marte e não se detectou a existência de vida por lá; assim como Júpiter que é um planeta gasoso e possui uma atmosfera inóspita à vida como a conhecemos.

Assim, já houve casos em palestras públicas realizadas em casas espíritas que, ao se afirmar a existência de vida nestes planetas do nosso sistema solar, que são mais conhecidos no meio espírita, causou desconforto e descrença do Espiritismo naqueles menos afeitos aos seus conceitos, especialmente naqueles que aportam à casa espírita pela primeira vez e, por motivos como o exposto, muitos não retornam.

Existem muitas coisas que não sabemos, que ainda não tivemos condições de observar, mesmo com toda a tecnologia disponível. Pode parecer estranho, mas ainda existem espécies de animais que não conhecemos, até mesmo espécies grandes.

Em 1961, o astrônomo e astrofísico americano Frank Drake, desenvolveu uma equação, que ficou conhecida por “Equação de Drake”, para estimar a quantidade de civilizações existentes em nossa galáxia, a Via Láctea, com conhecimento e tecnologia suficientes para se comunicarem conosco. A Equação de Drake é descrita como (1):


N = (R*) x (fp) x (nT) x (fv) x (fi) x (fc) x (t)


Onde: N = número de civilizações em nossa Galáxia capazes de se comunicar; R* = taxa de formação de estrelas na Galáxia; fp = fração provável de estrelas que têm planetas; nT = número de planetas ou luas com condições parecidas com as da Terra; fv = fração provável de planetas que abrigam vida; fi = fração provável de planetas que desenvolveram vida inteligente; fc = fração de espécies inteligentes que podem e querem se comunicar; t = tempo de vida de tal civilização.

Muitas das variáveis presentes na Equação de Drake são subjetivas e os valores utilizados são baseados em estimativas. Numa visão otimista, haveria 1 bilhão de civilizações na nossa galáxia que podem e querem se comunicar, enquanto que, numa visão pessimista, seria 1 caso em 100 bilhões de galáxias, portanto, estaríamos sozinhos nesta galáxia. Obviamente que é preciso considerar, neste contexto, a enorme quantidade de galáxias existentes no universo conhecido.

Frank Drake também é conhecido por ter fundado o Instituto SETI – SEARCH FOR EXTRATERRESTRIAL INTELLIGENCE (Busca por Inteligência Extraterrestre).

A busca por habitantes de outros mundos ainda está relacionada com o conceito de “vida”. Em geral se busca ainda vida de forma igual ou similar à sua expressão orgânica como no planeta Terra.

Numa visão mais ampla, baseado nos conceitos espíritas, “vida” somente é encontrada no ser espiritual, sendo sua roupagem carnal apenas uma forma de expressão no mundo material. Assim, esta forma de expressão varia enormemente, inclusive no próprio planeta Terra. Consequentemente os espíritos podem se manifestar de forma muito diversa em outros planetas.


Referência:

1) Página da internet do Instituto SETI - http://www.seti.org/


Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em janeiro de 2015







DIVERSIDADES DAS RAÇAS HUMANAS


28/06/2015

Apresentamos anteriormente no jornal Correio Espírita, no texto Povoamento da Terra em novembro de 2014, que os autores do artigo intitulado First of Our Kind (O Primeiro de Nossa Espécie), publicado na revista Scientific American em abril de 2012, afirmaram que os "paleontologistas precisarão repensar completamente onde, quando e como a espécie Homo começou e o que significaria ser humano".

Desta forma, analisar as repostas dos espíritos para as questões relativas ao tema da diversidade das raças humanas comparando ou se baseando no conhecimento científico atual seria impossível, pois se os especialistas no assunto não chegaram a uma conclusão sobre o aparecimento da espécie humana na Terra, que dirá o leigo.

Portanto, nos basearemos exclusivamente nas respostas apresentadas pelos espíritos para as perguntas de Kardec.

Na pergunta de número 52 d’O Livro dos Espíritos há referência tanto aos costumes quanto a moral sobre as diferentes raças humanas. Contudo, na resposta apresentada encontra-se o exemplo de que dois irmãos criados separadamente “em nada se assemelharão, quanto ao moral”.

Este ponto requer uma análise mais cuidadosa, pois comumente se considera, no meio espírita, por “moral” as aquisições do espírito e que se mantém independentemente da encarnação, podendo se aprimorar dependendo da criação e escolhas durante a temporada terrena, porém nunca retroagir neste componente. Portanto, dois espíritos com moral iguais não deveriam variar tanto a ponto de se dizer que não apresentariam nenhuma semelhança, mesmo sendo criados em diferentes costumes.

Assim, na questão 52 é preciso entender “moral” sob outra conotação. O dicionário Aurélio “on line” apresenta algumas interpretações que, na conceituação comum, versam sobre regras e diretrizes elaboradas segundo a ótica humana e, por isso, dependerá dos costumes e épocas. Esta abordagem é diferente no sentido empregado para interpretar a evolução do espírito, no qual “moral” estaria relacionado com a expectativa Divina para Seus filhos.

Podemos, desta forma, entender a questão 52 combinada com a questão 53:


52. Donde provêm as diferenças físicas e morais que distinguem as raças humanas na Terra?

“Do clima, da vida e dos costumes. Dá-se aí o que se dá com dois filhos de uma mesma mãe que, educados longe um do outro e de modos diferentes, em nada se assemelharão, quanto ao moral.”


53. O homem surgiu em muitos pontos do globo?

“Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma aos de outras raças, novos tipos se formaram.”


Em decorrência do fato de que a espécie humana surgiu em vários pontos do planeta sob diferentes condições de clima, geologia e vegetação, além da diversidade de animais presentes, as suas características corporais deveriam estar adaptadas para as regiões em que se desenvolveriam. Estas diferenças corporais foram interpretadas como diferentes raças, porém, todas pertencentes a uma só espécie: a humana.

No início do processo de surgimento da espécie humana no planeta pode até ter sido estipulado pelos responsáveis pelo gerenciamento da Terra, discutido no artigo Formação dos Seres Vivo, publicado no jornal Correio Espírita em outubro de 2014, que as condições em que os diferentes grupos de espírito habitariam dependeria de seus estágios evolutivos. Contudo, como a Doutrina Espírita nos esclarece sobre os comprometimentos do espírito e os meios de depuração em variadas existências, a distinção em raças sob este prisma, se é que houve, não mais seria válido, pois, após todo este tempo, seria decorrente das necessidades evolutivas de cada espírito na sua longa caminhada.

A Terra é um planeta com uma grande diversidade ambiental, indo desde áreas gélidas até desertos escaldantes. Portanto, pode-se supor que é um planeta com condições de fornecer variada gama de experiências materiais para seus habitantes espirituais. Delineada para servir de morada a espíritos na condição de expiações e provas, isto é, espíritos teimosos, as diferentes dificuldades para a sobrevivência material serviria para o desenvolvimento do intelecto humano visando, obviamente, o entendimento da necessidade da elevação espiritual, rumo a compreensão de ser co-criador com Deus. Nas questões 780 e 780a d’O Livro dos Espíritos fica claro esta necessidade:


780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?

“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”


- Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?

“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”



Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em dezembro de 2014.







BIOLOGIA QUÂNTICA


14/06/2015

Erwin Schrödinger, um dos grandes cientistas da área da Física Quântica, em seu livro intitulado O Que é Vida?, analisa os organismo vivos sob o enfoque de fenômenos físicos. O autor dedica um capítulo inteiro à questão da vida estar baseada em leis da Física. Este livro foi escrito há mais de 70 anos.

Depois de uma longa temporada sem avanços significativos, a biologia quântica, cujo início pode ser estabelecido há cerca de 50 anos, vem ganhando forças diante de resultados de alguns experimentos que demonstram grandes possibilidades para o entendimento dos fenômenos relacionados com a vida e sua aplicabilidade em outras áreas, tais como energia solar e computadores quânticos.

Em 2011 foi publicado na revista Nature, uma das mais importantes revistas científicas e mundialmente reconhecida, intitulado "The Dawn of Quantum Biology" (O Amanhecer da Biologia Quântica, em tradução livre), que pode ser acessado através do link The Dawn of Quantum Biology , Neste artigo, os autores debatem sobre a possibilidade de que eventos quânticos, comumente observados em condições rigorosas de laboratórios em escala do infinitamente pequeno, também ocorram em outros ambientes e que fazem parte integrante da vida de seres vivos, tais como animais e plantas.

Resultados indicam que a habilidade de pássaros e outros animais migrarem por largas distâncias, sendo capazes de chegar onde desejavam e retornar ao local de origem, ao final do inverno, por exemplo, seriam decorrentes de processos quânticos que possibilitariam à ave perceber a angulação do campo magnético da Terra.

Outro ponto interessante é que, na fotossíntese realizada pelas plantas, que usam a luz solar para produção de oxigênio utilizando o gás carbônico, a reação química seria regida por processo quânticos.

Obviamente que há um grande caminho a ser percorrido, mas a base principal da teoria quântica é a ação do observador nos fenômenos físicos, desta forma, podemos imaginar o dia em que a ciência acadêmica chegará ao entendimento da necessidade de um observado além da matéria para reger os fenômenos relacionados com a própria matéria.

Ao descortinar a necessidade da existência do ser espiritual, que inicialmente será apresentado como um postulado e depois, em decorrência de experimentos específicos, a constatação do espírito, poderemos chegar ao entendimento físico da segunda Lei conforme apresentada por Jesus: "Amar ao próximo como a si mesmo."

A criação do espírito por Deus e a co-criação do corpo de expressão pelo espírito podem ser analisados como fenômenos quânticos, deixando claro a relação do estado mental com condições de saúde ou enfermidade, assim como a relação entre espíritos.

Uma série de estudos mais aprofundados sobre o tema foi apresentado no Instituto de Cultura Espírita do Brasil em 2009. Slides e textos relativos aos estudos podem ser acessados em O Totem Humano.







POVOAMENTO DA TERRA


28/05/2015

Segundo o primeiro livro da série que ficou conhecida como Velho Testamento, onde encontram-se relatos, histórias e estórias das mais diversas, o início do povoamento do planeta teve início com um único casal, Adão e Eva. Contudo, esta estória não se mantém nem mesmo ao longo do próprio livro que a inicia, pois, segundo o relato, este "primeiro" casal concebe dois meninos que se tornam homens. Todavia, em decorrência de um atrito entre os irmãos, um mata o outro, e foge, então, para uma terra distante onde encontra aquela que viria a ser sua mulher, com quem teve um filho e edificou uma cidade. A pergunta que fica é: Se havia somente quatro habitantes no planeta, como aquele que fugiu pode encontrar uma esposa?

Portanto, ao analisarmos a questão 50 d'O Livro dos Espíritos, onde Kardec pergunta se realmente tudo começou com Adão, o primeiro a ser criado segundo a estória e Eva em seguida, a resposta obtida é bastante lógica, pois diz que não foi o primeiro e nem o único que deu início ao povoamento da Terra. Em nota, Kardec explica que o homem que ficou conhecido tradicionalmente como "Adão" deveria ser um sobrevivente de alguma catástrofe da natureza.

Na edição de outubro de 2014 do jornal Correio Espírita foi publicado o artigo Formação dos Seres Vivos, onde discutiu-se o papel de Jesus e seus trabalhadores na elaboração das formas orgânicas para a encarnação de espíritos nos vários reinos. Tal abordagem, relacionada com a posição do espírito Emmanuel no livro A Caminho da Luz, está em acordo com a escala de seres orgânicos conforme apresentado no livro A Gênese, Cap. X, onde se encontra a seguinte assertiva: "Entre o reino vegetal e o reino animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos confins dos dois reinos estão os zoófitos ou animais-plantas, cujo nome indica que eles participam de um e outro: serve-lhes de traço de união."

Observa-se uma sequencia evolutiva no campo de corpos de expressão para espíritos nas mais diferentes necessidades de aprendizagem. Contudo, o corpo em si necessita do componente espiritual para gerenciar a sua formação e manutenção, portanto, não apresentando solução de continuidade para as diferentes formas físicas, podemos inferir que a gradação evolutiva do espírito também deverá ser correspondente, isto é, igualmente sem solução de continuidade.

Os fósseis se encontram disseminados por todo o globo, significando que habitavam os diversos cantos do planeta, assim, a população humana surgiria igualmente em todo o globo, procriando e gerando toda uma população que se transformaria na atual.

Ainda no livro A Gênese, Kardec apresenta uma teoria a respeito do surgimento, ou melhor, formação do corpo humano. Fala sobre a semelhança entre os corpos de primatas e humanos e que não seria impossível que o segundo fosse decorrente do primeiro; esclarece que esta transformação pode ter sido possível com espíritos em uma determinada condição evolutiva encarnando em corpos referentes ao de uma condição mais baixa visando, exatamente, o aprimoramento deste. Este teria sido um processo que, gradativamente, conduziria ao corpo humano como conhecemos hoje, sem prejuízo espiritual.

A prerrogativa de que a evolução tanto das formas quanto do ser espiritual transcorreu gradualmente ao longo de certo intervalo de tempo, e não uma explosão de espíritos já de determinado condição evolutiva, pode ser verificada também nos achados da paleontologia mais recentes.

No ano 2000, um extenso artigo científico intitulado The Revolution That Wasn't (A Revolução que não Aconteceu), publicado no Journal of Human Evolution, indicou que o comportamento humano não teve um surgimento em uma "explosão de criatividade" cerca de 50.000 anos atrás, como se acreditava, mas era fruto de um processo gradual ao longo de cerca de 300.000 anos.

A paleontologia vem passando por uma revolução em decorrência de alguns fósseis que foram encontrados no continente africano e divulgados em 2010. Em artigo intitulado First of Our Kind (O Primeiro de Nossa Espécie), estes fósseis foram considerados como pertencentes a uma nova espécie, o Australopithecus Sediba, o qual apresentava características peculiares tanto da espécie Australopithecus quanto da espécie Homo.

Um ponto muito interessante no artigo acima citado é que os autores dizem que os "paleontologistas precisarão repensar completamente onde, quando e como a espécie Homo começou e o que significaria ser humano".

Certamente o conhecimento humano atual ainda está muito longe de desvendar este "mistério", e tantos outros, que muito levemente foi desvelado pelos espíritos responsáveis pela Codificação Espírita, por isso, é preciso muito cuidado ao tratar de questões científicas visando confirmar ou alterar o que consta nas obras da Codificação.



Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em novembro de 2014.







TEORIA DA PRESCIÊNCIA


10/05/2015

Teoria da Presciência Este tema é apresentado por Kardec no livro A Gênese, mais precisamente no capítulo XVI que inicia com o seguinte questionamento: Como é possível o conhecimento do futuro?

Esta é uma questão intrigante é normalmente considerada como fazendo parte apenas de filmes de ficção, tais como Dejá Vú, com Denzel Washington, e O Vidente, com Nicolas Cage; estes são os dois mais recentes dentre vários outros que poderíamos citar; filmes e seriados com esta temática são produzidos desde longa data.

Ainda no século XIX, Kardec já havia vislumbrado esta possibilidade diante de certas mensagens recebidas dos espíritos desencarnados e, também, combinando-as com as predições encontradas nos Evangelhos Canônicos e que são debatidos no mesmo livro (A Gênese).

Duas possibilidades são apresentadas por Kardec quanto ao conhecimento do futuro, que são:


1) Resultado de eventos em andamento;
2) Eventos futuros que não guardam relação com os atuais.


Como pode-se perceber, este é um tema que requer certa elaboração de ideias e conceitos. Diante da dificuldade inerente ao tema, Kardec inicia a explicação com um exemplo bastante trivial: um homem no topo de uma montanha observando um viajante ao longo no percurso abaixo. Apesar da boa comparação, este exemplo é apenas didático, pois descreve uma situação puramente material. Contudo, sua intenção neste exemplo é salientar a posição privilegiada do espírito desencarnado com relação aos encarnados.

Apesar do exemplo do homem na montanha ser útil na comparação com o espírito desencarnado, esta situação seria mais aplicável a resultados decorrentes de eventos que estariam em andamento. Desta forma, no item 3, Kardec entra na questão propriamente dita, isto é, o conhecimento de eventos que não guardam relação com os eventos em andamento e diz:


“Se, agora, sairmos do âmbito das coisas puramente materiais e entrarmos, pelo pensamento, no domínio da vida espiritual, veremos o mesmo fenômeno produzir-se em maior escala. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles”.


Importante salientar que a possibilidade de conhecer o futuro não é a condição de todos os espíritos, pois está diretamente relacionada com elevação espiritual.

Porém, o questionamento sobre como é possível para os espíritos a partir de certa elevação vislumbrar situações que ainda estariam por acontecer ainda permanece. Resta, estão, discutir a questão do tempo e a sua própria essência que, quando analisada à luz do Espiritismo, fornece esclarecimentos de como os espíritos mais evoluídos podem acessar acontecimentos que estão, para nós, no futuro.

Na questão 27 d’O Livro dos Espíritos, onde Kardec questiona sobre os elementos gerais do universo, a resposta obtida apresenta considerações sobre o fluido cósmico.

A resposta apresentada pelos espíritos é relativamente complexa e não caberia o maior aprofundamento neste estudo, contudo podemos ressaltar a seguinte colocação na resposta: “Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (o fluido cósmico) com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais”. O fluido cósmico, portanto, apresenta propriedades distintas da matéria.

Observando nossa existência como encarnados percebemos que não está atrelada apenas à matéria. Existem outros fenômenos aos quais estamos sujeitos e que, de certa forma, regem nossas vidas, tais como o tempo e o espaço; de que seriam formados?

O capítulo VI, também do livro A Gênese, intitulado Uranografia Geral, aborda esta e outras questões relacionadas: o espaço e o tempo, a matéria, as leis e as forças, dentre outros. Tanto o tempo, quanto o espaço, forças, etc, são modificações do fluido, portanto, formados por fluido cósmico.

A nossa percepção de tempo e espaço são formas como o fluido cósmico se expressa e a ação do pensamento sobre este fluido dependerá, obviamente, do nível evolutivo do espírito.

Por isso que a capacidade de prever o futuro pode, às vezes, se manifestar no encarnado, como Kardec diz no item 6: “É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente, na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções, e é assim também que a maioria das seitas perseguidas adquire numerosos videntes”.

Numerosas vezes em nossa experiência terrena sentimos o efeito de intuições sobre caminhos a seguir, decisões a tomar, e costumamos chamar de sorte ou azar, porém sorte ou azar são coisas que não existem. O que existe é a capacidade de sentir o ambiente e ler nas entrelinhas da Criação, mas é preciso fazer bom uso para não trazer consequências desagradáveis; podemos considerar que consequências desagradáveis que vivenciamos hoje podem ser decorrentes de mal uso em outras encarnações.







FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS


28/04/2015

Conforme afirmou Jesus, "nenhuma ovelha de meu Pai se perderá", aliado a infinita bondade do Criador, que permite que seus filhos disponham do livre-arbítrio como forma de aprendizado, a lógica diz que deverá haver grande variedade nas estruturas materiais que servirão de morada aos espíritos cujas necessidades variam ao infinito.

Analisando apenas o sistema solar do qual o planeta Terra é orbe integrante, constata-se a diversidade de estruturas e composição química; uns são terrestres enquanto outros são gasosos; uns tem água enquanto outros não. Assim sendo, podemos perceber que o tipo de manifestação do espírito na condição de encarnado também deverá variar em conformidade com as condições que os diversos globos planetários oferecem.

Considerando que as estrelas e planetas não são formados um a um, tal qual se procede com massa de modelar, mas obedecendo às leis gerais do universo conhecido, as quais, por sua vez, estabelecem a diversidade, podemos, então, concluir que o tipo de corpo físico que os espíritos se manifestarão em um planeta deverá ser elaborado após a estabilização do sistema que forma o planeta em si e o sistema solar como um todo, após seus elementos constitutivos estarem bem estabelecidos.

Em outras palavras, as leis que regem a matéria do nosso universo conhecido permite que haja uma gama de tipos de planetas diferentes, consequentemente, haverá uma gama equivalente de tipos de vida material que podem existir, ao menos em teoria. Portanto, não haveria condições de se determinar como ser formariam os corpos orgânicos durante as revoluções pelos quais os planetas passam durante o período inicial de sua formação e, somente após esta etapa é que se torna possível dar início o planejamento, ou o desenvolvimento, da estrutura material que consistirá o corpo de expressão do espírito encarnado.

Desta forma, podemos compreender os dois primeiros capítulos do livro A Caminho da Luz, ditado pelo espírito Emmanuel, sob a psicografia de Francisco C. Xavier. Neste livro, Emmanuel, muito claramente, apresenta Jesus como o divino escultor das formas que serviriam de ferramenta para os espíritos que encarnariam no planeta Terra especificamente.

As formas orgânicas, portanto, não estariam predeterminadas para cada globo, mas seriam decorrentes de processos de verificação das possibilidades e determinação da ou das opções mais viáveis, passando por um período de estudo e testes até a definição daquela mais adequada. Por conseguinte, devemos a um grupo de espíritos sob a orientação e comando de Jesus a elaboração do corpo físico como o conhecemos.

Ainda sob o princípio de que "Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas..." , como apresentado no artigo Formação dos Mundos, publicado no Jornal Correio Espírita em agosto de 2014, verifica-se a natureza do processo de Criação das estruturas materiais por parte de Deus, que relega ao seus filhos mais adiantados a possibilidade de evolução no trato com os irmãos menores. Assim, da mesma forma que as leis físicas e químicas são desenvolvidas por Seus prepostos na co-criação de universos, as leis da genética são similarmente elaboradas, sendo específicas para cada orbe em conformidade com os espíritos que ali habitarão.

O desenvolvimento da genética teve início ainda nos seres unicelulares que, com o passar do tempo, foram se associando e estabelecendo o sistema de comunicação entre si. Antes disso, porém, foi necessário considerar todo o processo de nutrição e reprodução celular para que a vida orgânica pudesse ser mantida.

Após esta etapa, as colônias celulares foram se formando, para, depois, em agrupamentos maiores, constituírem sistemas complexos, necessários para o estilo de vida orgânica elevada para servirem aos espíritos mais adiantados.

Ainda segundo Emmanuel, foram precisos milhares de anos aos "operários de Jesus", como ele denomina, para a elaboração paciente das formas.

Não podemos negar que as "formas" foram decorrentes de uma "elaboração paciente", pois quem de nós pode imaginar uma tarefa que demore milhares de anos para ser cumprida? Apenas os mais elevados; eles podem vislumbrar uma atividade de tão longa duração, pois são capazes de compreender o tempo infinito, no qual milhares de anos correspondem apenas a uma fração ínfima.

Com o estabelecimento das leis da genética e da estrutura das formas, os espíritos que aqui habitariam formaram seu corpo físico obedecendo a estas leis. São, contudo, os responsáveis pela sua estruturação, que inicia no momento da fecundação do óvulo e termina no desencarne, no processo que o espírito André Luiz denominou, no livro Evolução em Dois Mundos, de co-criação em plano menor.



Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em outubro de 2014.







LÉON DENIS E O ESPIRITISMO


13/04/2015

Léon Denis nasceu em pequena cidade na França em 01/01/1846 e desde criança teve o hábito da leitura, apesar das dificuldades financeiras da família e tendo, desde muito jovem, trabalhado para auxiliar seu pai. Com a constante troca de emprego do pai, a família mudava de cidades com alguma frequência, o que dificultava seus estudos.

Conheceu o Espiritismo aos 18 anos de idade quando, diante de uma livraria, viu o O Livro dos Espíritos e, mesmo com a limitação financeira, juntou o que tinha e o comprou e leu com avidez. Nas palavras do próprio Léon Denis: "encontrei nele uma solução clara, completa, lógica do problema universal. Minha convicção se firmou. A teoria espírita dissipou minha indiferença e minhas dúvidas.”

Quando da publicação do último livro da Codificação, o livro A Gênese, Léon Denis contava com 22 anos de idade, portanto, ainda jovem, mas com maturidade suficiente para avaliar a importância daqueles conceitos que estavam sendo disponibilizados para a humanidade. Kardec viria a desencarnar no ano seguinte.

Vemos, portanto, a continuidade de trabalho na preparação e divulgação de uma doutrina que acabava de surgir, encontrando em Léon Denis o intelecto e capacidade necessária para que o processo de ampliação de horizontes, alcançando cada vez mais pessoas, se mantivesse.

Na cidade de Tours, onde Léon Denis morava, havia um grupo de estudos dos fenômenos espíritas, mas devido a pouca idade, não podia frequentar e juntou alguns amigos para realizar experiências e entender, na prática, os "tais fenômenos de efeitos físicos".

Um ponto muito interessante é que, apesar da pouca idade, seu interesse não era de puro divertimento, como eram muitas vezes conduzidas estas experiências, mas a seriedade pautava suas intenções. Com isso, chegou à seguinte conclusão: “Parece, com efeito, que o Invisível quer nos provar, medir nosso grau de perseverança, exigir uma certa maturidade de espírito, antes de nos revelar seus segredos.”

Numa breve comparação entre estes dois grandes expoentes para o Espiritismo, podemos ressaltar:



Dentre as principais obras de Léon Denis, podemos ressaltar:

Cristianismo e Espiritismo
Depois da Morte
Espíritos e Médiuns
Joana D'Arc, Médium
No Invisível
O Além e a Sobrevivência do Ser
O Espiritismo e o Clero Católico
O Espiritismo na Arte
O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
O Grande Enigma
O Mundo Invisível e a Guerra
O Porquê da Vida
O Problema do Ser, do Destino e da Dor
O Progresso
Provas Experimentais da Sobrevivência
Socialismo e Espiritismo

Dentre estas obras, o livro NO INVISÍVEL tem papel de destaque para o espírita em geral, mas, principalmente, para os médiuns e orientadores e todo aquele que deseja maior aprofundamento no tema.

Um dos legados de grande importância que a Doutrina nos deixou foi descrever as leis que regem a comunicação com os desencarnados, pois abre uma valorosa e inesgotável fonte de material de estudo e informação. Sobre o tema, temos o O Livro dos Médiuns, segundo livro a ser escrito, demonstrando a sua importância para a humanidade. Nas palavras do espírito Vianna de Carvalho, no livro Médiuns e Mediunidades, sob a psicografia de Divaldo P. Franco, temos:


Um observador cuidadoso notará, sem dúvida, ao estudar a Codificação Espírita, o perfeito plano da obra, demonstrando, na sua estrutura didática, a excelente realização de Allan Kardec e a completa identificação das mentes espirituais que a planificaram com aquele que a executou.

Posteriormente, ao elaborar O Livro dos Médiuns, que é um desdobramento de parte daquela obra (O Livro dos Espíritos), o Codificador examinou a questão de máxima importância, no capítulo primeiro, interrogando se ‘há espíritos’, como natural consequência da existência de Deus

Aprofundando o assunto, prescreveu a necessidade de demonstrar-se antes a existência dos espíritos, a fim de partir-se para o exame das comunicações pelas quais se comprova a realidade dos mesmos.

De imediato, preocupou-se em orientar o indivíduo, no sentido de que, antes de tornar-se espiritista, seja espiritualista, isto é, primeiro conceba a existência dos seres espirituais para cuidar, depois das suas comunicações.


A este respeito, Léon Denis diz o seguinte:


“O estudo aprofundado e constante do mundo invisível, que o é também das causas, será o grande manancial, o reservatório inesgotável em que se hão de alimentar o pensamento e a vida. A mediunidade é a sua chave.”


Fica, desta forma, patente a importância d'O Livro dos Médiuns e, por conseguinte, do livro No Invisível, que aborda várias questões concernentes à mediunidade que serve de diretrizes para todo aquele que busca o aprimoramento nesta seara de inestimável valor, tanto intelectual quanto moral.

Dentre os temas abordados por Léon Denis neste livro, podemos ressaltar a nível de exemplificação:


1) Fases do desenvolvimento da mediunidade:

Léon Denis deixa o alerta para a fase inicial o trabalho do médium nas comunicações mediúnicas como sendo um período fértil em manifestações grosseiras. Importante alerta para todos, médiuns e instrutores, para que não descuidem da vigilância e tenham bom senso ao analisar as manifestações. Cabe ao médium não se deixar desanimar pelos resultados desta fase e, principalmente, estar ciente do processo para não se molestar com as orientações e críticas recebidas.

Além de tudo, é preciso que estejamos atento ao fato de que somos médiuns compatíveis com um mundo de expiação e provas, portanto, somos falhos em vários sentidos e a condição evolutiva não é das melhores. Portanto precisamos estar atentos ao fato de que, salvo algumas exceções, tendemos a ser iniciantes na mediunidade, pois, a experiência em si não significa relação com os espíritos mais elevados, mas a elevação de interesses.


2) Transe e incorporação

Sobre o tema da incorporação de espíritos no corpo físico do médium, Léon Denis é muito esclarecedor, apresentando conclusões decorrente de várias experimentações sobre um tema que foi pouco trabalhado na Codificação Kardequiana. Assim, demonstra que a incorporação é um como um fenômeno possível, complementando Kardec, no livro A Gênese:


--- A Gênese:

"Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra..."

"Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar..."


--- No Invisível:

"No corpo do médium, momentaneamente abandonado, pode dar-se uma substituição de Espírito. É o fenômeno das incorporações."

"Um exame atento dos fatos nos leva a crer que essas duas explicações (incorporação e psicofonia) são igualmente admissíveis, conforme os casos."

"É preferível, por isso, deixar agirem sozinhos os Espíritos sobre o médium, abstendo-se de toda intervenção magnética humana. Foi sempre o que fizemos, no curso de nossos estudos experimentais. Em raras circunstância, quando, faltando-lhes de repente a força psíquica, as Inteligências nos pediam que atuássemos sobre o médium por meio de passes..."

"Na maioria das vezes, os fluídos de um magnetizador, por seu estado vibratório particular, contrariam os dos Espíritos, em lugar de auxiliá-los."







PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE MEDIUNIDADE


31/03/2015

1. QUAL A IMPORTÂNCIA DE O LIVRO DOS MÉDIUNS PARA NÓS ESPÍRITAS?

Esta é uma questão muito interessante e de extrema importância para o entendimento do Espiritismo como uma doutrina filosófica e científica com as consequências morais decorrentes desse entendimento.

Se analisarmos a sequência na publicação do Pentateuco Kardequiano, verificamos que o O Livro dos Espíritos, primeiro livro, apresenta a Doutrina Espírita em sua totalidade, com início, meio e fim. Neste livro, encontramos explicações para uma enorme variedade de questionamentos da humanidade desde longa data. Contudo, apresenta uma grande novidade: a comunicabilidade com os mortos como algo natural e, com isso, sujeito às leis que a regem.

Assim, nos é apresentado uma possibilidade de enorme potencial e, por isso, esta potencialidade precisava ser devidamente esclarecida e as leis que a regem precisavam ser devidamente estabelecidas. O segundo livro, portanto, deveria abordar estas leis para o devido esclarecimento. Surge, então o O Livro dos Médiuns trazendo minuciosamente a apresentação das diversas variantes do fenômeno mediúnico e as leis que as regem.

Além disso, o O Livro dos Médiuns prepara o terreno para o O Evangelho Segundo o Espiritismo, terceiro livro da Codificação, onde são apresentados numerosos ensinamentos de extrema importância e seriedade, haja vista se tratar dos ensinamentos de Jesus, que foram obtidos através dos fenômenos mediúnicos e que foram tratados no livro precedente.


2. COMO A DOUTRINA ESPÍRITA DEFINE MEDIUNIDADE?

No Capítulo XXXII de O Livro dos Médiuns, onde Kardec apresenta um vocabulário espírita, definindo várias das terminologias que foram criadas ou adaptadas para o uso pelo Espiritismo, encontramos a seguinte definição para a palavra médium: Pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens; para a palavra mediunidade: Faculdade dos médiuns.

Portanto, mediunidade é a faculdade de servir de intermediário entre espíritos libertos do corpo e espíritos ligados ao corpo, pois, inclusive, espíritos encarnados, quando libertos do corpo, podem se manifestar através de um médium.

Esta definição é válida para uma humanidade encarnada em um mundo de expiação e provas. Porém, a análise da faculdade mediúnica induz ao entendimento de que o denominado processo mediúnico é, na verdade, a forma mais básica de comunicação entre espíritos, a comunicação pelo pensamento, em que a informação é transmitida na íntegra e não decorrente de uma tradução em palavras ou conceitos preconcebidos.

No livro Médiuns e Mediunidades, psicografia de Divaldo Franco e ditado pelo espírito Vianna de Carvalho, encontramos uma definição muito interessante para médium, citando o pesquisador Gustavo Geley, diz que os médiuns são pessoas cujos elementos constitutivos são capazes de, momentaneamente, ser descentralizados.


3. QUAIS OS TIPOS DE MEDIUNIDADE? E QUAIS SÃO OS MAIS COMUNS?

Pode-se dizer que há tantos tipos de mediunidade quanto o número de médiuns. Os médiuns apresentam características individuais que, apesar de existir a semelhança entre muitos, não são iguais.

No geral, o que se encontra é a combinação de alguns tipos de mediunidade variando em grau de intensidade cujo conjunto forma um tipo de mediunidade específico para aquele médium.

Os tipos mais comuns, dentre aqueles relacionados por Kardec n’O Livro dos Médiuns, podemos citar a psicografia e a psicofonia, além, é claro, dos efeitos físicos, cuja ocorrência é muito maior do que se pode contabilizar, pois muitos são médiuns deste tipo sem o saber.


4. COMO A MEDIUNIDADE SE MANIFESTA?

Não existe uma forma específica para o início da manifestação da mediunidade. Alguns vivenciam manifestações mediúnicas desde muito cedo e que perduram quando nas fases da puberdade e adulta. Outros iniciam os fenômenos já na fase adulta.

Pode, ainda, apresentar caracteres diversos: início tranquilo e fenômenos suaves; início turbulento que suavizam com o tempo ou o inverso; início com um tipo de mediunidade que se desenvolve em outro; e por aí vai.

Isto torna a mediunidade tão especial e fascinante. Cada experiência é única e pode engrandecer em muito o espírito que convive com a mediunidade, seja como ostensivo ou não.


5. COMO SABER SE SOU UM MÉDIUM?

Em linhas gerais, todos somos médiuns, pois, em algum grau, conscientemente ou não, estamos em comunicação com o plano espiritual. Isto se deve ao fato de sermos seres essencialmente espirituais. Contudo, costuma-se denominar de “médiuns” aqueles que apresentam a faculdade mais ostensivamente. Segundo Kardec, n’O Livro dos Médiuns, nenhum indício há pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica. Só a experiência pode revelá-la. Em outras palavras, somente a ocorrência continuada de fenômenos espirituais, após o indivíduo estar devidamente harmonizado, é que se poderá identificar com segurança um médium.


6. PODEMOS DESENVOLVÊ-LA? E ISSO É BOM OU RUIM?

Esta é uma pergunta capciosa e não é do tipo sim ou não.

Uma coisa é certa: não poderá aparecer onde não existe a possibilidade. Assim, apesar de todos sermos considerados médiuns em algum grau, não é todo mundo que estaria em condições de a desenvolver ao ponto de se tornar ostensivo.

Contudo, como foi dito anteriormente, existe uma gama muito variada de mediunidade. Assim, existem aqueles cuja mediunidade é naturalmente desenvolvida e aqueles cujo exercício poderá ampliar o potencial mediúnico ao ponto de possibilitar os fenômenos mais ostensivos.

Isto somente será ruim para aquele que, após desenvolver a mediunidade pelo exercício se arrepender e optar por desistir do trabalho. Em outras palavras, podemos dizer que o indivíduo estabelece um comprometimento com uma faculdade e, depois de alcançar o intento opta por quebrar o compromisso. Assim, antes de iniciar qualquer treinamento é importante que a pessoa esteja ciente do compromisso que está assumindo e não se deixar levar pela admiração equivocadamente concedida aos médiuns das casas espíritas.


7. QUAL É A RESPONSABILIDADE QUANTO A MEDIUNIDADE?

Esta é uma questão fundamental para todo aquele que se inicia nos trabalhos mediúnicos, seja como ostensivo ou na sustentação do ambiente psíquico para que a tarefa transcorra adequadamente.

Não é sem motivo que a orientação dada a Chico Xavier pelo seu mentor espiritual Emmanuel foi a disciplina. A disciplina é fator primordial para todo espírita e, fundamentalmente, para aqueles que se encontram em tarefa mediúnica.

A responsabilidade é grande, pois é preciso estar ciente de que recebemos todo o auxílio necessário dos mentores espirituais, mas que eles não podem fazer aquilo que cabe ao encarnado.

A responsabilidade, portanto, se compõem de disciplina na abnegação, no estudo constante, na frequência aos trabalhos, no esforço da transformação pessoal e manutenção do ambiente psíquico pessoal antes, durante e após a tarefa.

Mediunidade é trabalho e abnegação.


8. COMO PODEMOS EXERCER A MEDIUNIDADE DE FORMA SADIA?

A forma sadia do exercício da mediunidade está, como foi dito na resposta anterior, pela disciplina nos pontos mencionados e em outros que possamos ter esquecido no momento, mas não precisamos nos preocupar com o que ficou faltando ser mencionado aqui, pois tudo está muito bem exposto n’O Livro dos Médiuns.

Além disso, é imprescindível, especialmente para os iniciantes, estar ligado a uma casa espírita que esteja 100% alinhada com a Codificação Kardequiana, referência primordial para todo espírita. Pois, teorias e práticas de vertentes religiosas podem estar carregadas de misticismos desnecessários e inconvenientes que podem dificultar ou, até mesmo, inviabilizar o trabalho sadio.







QUAL SERIA O GRANDE ENIGMA?


14/03/2015

O Capítulo 1, intitulado Deus e o Universo, da Primeira Parte do livro O Grande Enigma de autoria de Léon Denis aborda de forma muito interessante a interpretação decorrente da observação e análise do universo com relação a infinidade de orbes e toda sua grandiosidade.

O autor constata que o universo observável pelos encarnados é formado por matéria e toda a estrutura material é mantida por forças atuando em cada componente, mantendo movimento constante. Podemos constatar que todo esse processo ocorre sem a perder da harmonia do conjunto. Formação e destruição fazem parte de um processo que obedece a determinadas leis e a harmonia, em questão, não estaria relacionada com "tranquilidade", mas com a subserviência a estas leis, no qual não daria lugar à rebeldia.

Léon Denis completa dizendo que o nosso próprio corpo também é formado por matéria e esta pequena estrutura corporal também é mantida pelas mesmas forças tal qual a imensidão do universo. Demonstra, portanto, a similaridade de existência entre o universo, em toda a sua grandiosidade, e o corpo humano, em toda sua pequenez, comparativamente.

Assim, qualquer um que analisa esta informação imparcialmente, isento de preconceitos, naturalmente seria forçado a admitir que, se na pequenez do corpo há a "formação" da inteligência, por analogia, poder-se-ia dizer que haveria uma inteligência maior "formada" pela matéria do universo.

Esta abordagem, se bem analisada por aqueles que questionam ou não consideram a existência de um ser superior, seria um excelente motivo para começarem a vislumbrar outras possibilidades além das próprias ideias acanhadas.

A análise da relação Deus-Universo de Léon Denis, além de muito interessante, também é peculiar a alguém que não apenas crê, mas tem a certeza da existência de um ser superior. Apesar de tudo, é um importante ponto de partida para aqueles que creditam existência apenas ao que sensibiliza os sentidos físicos.

Mas, ao se ler o livro, deve-se buscar aquilo que Léon Denis denomina de “O grande enigma". Ao menos no entendimento pessoal, o grande enigma a que o autor se refere é se haveria um objetivo, uma finalidade para a existência do universo e, consequentemente, para os seres vivos. Pois, creio que este seja um questionamento fundamental de todo aquele que enxerga um pouco acima das questões materiais e dos prazeres terrenos, sendo a base das três perguntas que permeia a mente humana: Quem sou eu? Porque estou aqui? Para onde vou?

Entender os desígnios do Criador não é tarefa fácil, apenas os espíritos mais evoluídos O podem compreender em maior plenitude, enquanto aqueles ligados à Terra somente podem ponderar a respeito. A finalidade da Criação é uma questão que, segundo entendimento pessoal, ainda está muito longe da capacidade humana.

Tomemos como exemplo a viagem à lua realizada pelo homem.

A fato do indivíduo comum poder ver a nave espacial por fora e todos os equipamentos e componentes que a constitui não significa que entende para que serve e como funciona. Similarmente, o fato de ser possível vislumbrar todo o universo conhecido, o sol, as outras estrelas, a lua, etc., não significa que seja possível entender para que serviria esta imensidão.

Podemos ainda imaginar alguém que tivesse conhecimento do futuro, dizendo àqueles que participaram do desenvolvimento da primeira nave, antes de tudo, quando ainda eram crianças, de que desenvolveriam e construiriam uma nave espacial que levaria o primeiro homem à lua. Qual o nível o nível de compreensão que teriam? O que pensariam daquele que lhes falava?

As perguntas que precisamos fazer são: Qual o nosso nível de compreensão quando os espíritos nos falam sobre a finalidade da Criação? Compreendemos os detalhes? Temos condições de compreender em algum nível?

A finalidade da Criação permanece como uma incógnita para a atual humanidade terrestre. A fé consciente na individualidade e na responsabilidade para com os irmãos de jornada nos conduzirá forçosamente ao destino que nos aguarda como espíritos imortais na grande obra de Deus.







FORMAÇÃO DOS MUNDOS


03/03/2015

N'O Livro dos Médiuns, Capítulo IV, Kardec trata da teoria das manifestações físicas e encontramos no item 74, subitem XI, o seguinte: "São aptos, todos os Espíritos, a produzir fenômenos deste gênero? “Os que produzem efeitos desta espécie são sempre Espíritos inferiores, que ainda se não desprenderam inteiramente de toda a influência material.”

Esta colocação dos espíritos se contrapõe ao entendimento histórico, como apresentado no livro Gênese do Velho Testamento, de que Deus criou o universo material. Pois, é preciso considerar que, se espíritos elevados, já desprendidos da matéria, não produzem os fenômenos de efeitos físicos, o que se poderia dizer sobre Deus? Ele se deteria em tal tarefa?

Sob este aspecto, é preciso analisar detalhadamente a questão 38 d'O Livro dos Espíritos que diz: "Como criou Deus o Universo?" “Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese – ‘Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita'."

Assim, por "estas belas palavras da Gênese" deve-se interpretar como uma assertiva referente a um estilo poético e não como uma descrição exata do ocorrido. Contudo, ressalta o fato de que tudo que existe é decorrente da existência precípua de Deus e este ponto também necessita ser considerado nesta análise.

No livro Ação e Reação, ditado pelo espírito André Luiz pela psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, encontramos o relato de uma orientação do benfeitor Silas que diz: "...Vocês não ignoram que o Criador atende à criatura por intermédio das próprias criaturas..." Portanto, a ação Divina se faz sempre presente, porém não necessariamente de forma direta, mas através da providência que se caracteriza pela "solicitude de Deus para com as suas criaturas", segundo Kardec no livro A Gênese, Cap. 2, item 20.

Obviamente que, ao olharmos para as estrelas e, até mesmo, a própria Terra, fica patente se tratar de inteligência acima da humanidade terrestre. No comentário de Kardec à resposta da questão 9 d'O Livro dos Espíritos, temos que "Não podendo nenhum ser humano criar o que a natureza produz, a causa primária é, consequentemente, uma inteligência superior à Humanidade."

Importa ressaltar que a descrição de espíritos de primeira ordem, também encontrada n'O Livro dos Espíritos, diz que apresentam "nenhuma influência da matéria e superioridade intelectual e moral absoluta com relação aos Espíritos das outras ordens". Portanto, trata-se de inteligência superior à humanidade terrestre.

Os termos "superior" e "inferior" são sempre relativos, isto é, são utilizados para expressar uma comparação. Porém, o termo "supremo" já designa algo absoluto, como de corrente uso na Codificação para descrever aquilo que é relacionado à divindade.

Sendo a causa primária de todas as coisas, tudo o que existe, conhecido ou não, é decorrente da pré-existência de Deus, portanto Ele está imanente em tudo, inclusive na criação dos mundos. Todavia, o nosso universo conhecido, apesar da grandiosidade, não deixa de ser uma obra material, decorrente da condensação da matéria disseminada no espaço. Assim, podemos considerar a ação de espíritos evoluídos no processo de formação dos mundos servindo de morada para os que se encontram em nível evolutivo inferior.

Um universo para habitação de espíritos deve apresentar leis materiais que o regem e, portanto, precisam ser bem definidas para manutenção da estabilidade e reprodutibilidade, viabilizando que os espíritos possam experienciar a encarnação dentro de certa ordem. Portanto, ao pensarmos em espíritos formando mundos, não devemos considerar como crianças brincando com massa de modelar, formando um de cada vez.

A formação do universo com seus diferentes e diversos orbes deve ser decorrente do estabelecimento de leis materiais que servem de diretrizes para a aglutinação do fluido. Assim, não são as leis que descrevem o comportamento da matéria, mas o segundo que é decorrente do primeiro.

Podemos, desta forma, dizer que a ciência acadêmica estuda hoje as leis materiais estabelecidas pelos prepostos de Deus quando da formação deste universo conhecido e que estará em consonância com a condição dos espíritos que o utilizarão no seu processo evolutivo.

Por "leis materiais" é preciso considerar não apenas as leis da física e da química, mas inclusive a da genética, pois, para cada espírito formar o corpo físico que lhe servirá na encarnação, também deve seguir regras bem definidas.



Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em setembro de 2014.







FUGA DA REALIDADE


18/02/2015

Hoje, 18/02/2015, é mais uma quarta-feira de cinzas. Isto significa que mais um carnaval se passou e o fenômeno que se repete todo ano pôde ser mais uma vez observado.

Os exageros, os comprometimentos, as aves e animais em geral que foram sacrificados ou submetidos a algum tipo de sofrimento para uso de suas plumas e peles que ocorrem todos os anos nesta mesma época já são conhecidos por todos.

Contudo, existe um fenômeno específico que deveria saltar aos olhos do espírita, mas que permanece, ao menos aparentemente, despercebido: Por qual motivo espíritas “de carteirinha” frequentam o carnaval e, pior, postam fotos nas redes sociais legitimando para todos tal comportamento?

Avisos são constantes nas casas espíritas sobre os excessos, inclusive no período do carnaval; vídeos do Divaldo, maior expoente do Espiritismo da atualidade, são divulgados na internet e nas mesmas redes sociais que aparecem as fotos do “folião espírita”. Livros espíritas, tal como Nas Fronteiras da Loucura, obra ditada pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda que trata especificamente sobre o carnaval, estão disponíveis para todos.

Será que a “inocência” dos bailes infantis podem ser comprados ao “golinho de cerveja” concedido às crianças? Será que, tal como o “golinho” de hoje que pode formar o alcóolico de amanhã, o “bailinho” de hoje pode formar o espírito gravemente perturbado de amanhã? Temos o conhecimento de que tipo de espírito, seus comprometimentos e dificuldades do encarnado que se encontrada na fase infantil do corpo físico?

Por que muitos com o conhecimento apresentado pelo Espiritismo e obras complementares se submetem ao contato voluntário com a atmosfera espiritual de vibrações tão grosseiras? Será que se consideram imunes? Será que alguém torcendo por esta ou aquela escola de samba, mesmo em casa, estará imune às vibrações da grande quantidade de espíritos envolvidos nestes dias de folia? A sintonia psíquica e lei da afinidade é válida para todos.

Será que o conhecimento adquirido em anos de trabalho e frequência nas casas espíritas não é suficiente para que não surja a necessidade da fuga da realidade? Todos temos dificuldades dos mais variados matizes, mas realmente é necessário ou, até mesmo, saudável apresenta-las como sendo natural e saudável? Dificuldades devem ser analisadas e trabalhadas pelo espírito

A pergunta que fica é: O que nós, espíritas e divulgadores, estamos fazendo de errado?


“É muito diáfana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio mental”, adverte o Espírito Manoel Philomeno de Miranda.


PS: A palavra “carnaval” foi propositalmente grafada em minúsculas.







SONO E SONHOS


06/02/2015

O SONO

O sono é uma questão muito interessante quando analisado sob a ótica espírita, pois, até então, se considerava que, enquanto dormindo, permanecêssemos como num estado de inconsciência, de torpor. O mesmo pensamento era utilizado para as situações de anestesia geral e estado de coma, sendo que muitos relatos existem de pessoas que são capazes de descrever acontecimentos na sala de cirurgia enquanto anestesiadas.

A Codificação Espírita é uma fonte profícua de informação e explicações para eventos comuns do dia a dia, inclusive sobre o entendimento do que é e o que acontece durante o sono e o sonho.

A pergunta apresentada por Kardec na questão 400 d’O Livro dos Espíritos é muito interessante, contudo, a resposta é ainda mais interessante e inesperada, além de esclarecer sobre a necessidade do sono como momentos de alívio para o espírito. Partindo do conceito de que o espírito encarnado é constituído de três partes fundamentais: espírito, perispírito e corpo físico, tem-se:


400. O Espírito encarnado permanece de bom grado no seu envoltório corporal?

“É como se perguntasses se ao encarcerado agrada o cárcere...”


A resposta é interessante, como dito anteriormente, por ser curiosa e apresentar certa dificuldade de entendimento, pois não costumamos pensar como nos sentimos com relação ao próprio corpo, especialmente se nos sentimos em um cárcere e, tampouco, ouvimos as pessoas dizerem se sentir desta forma. Todavia, muitas vezes temos uma sensação de melancolia, tristeza ou angústia sem sabermos exatamente a causa, uma saudade de algo que não conseguimos precisar.

A clareza e a profundidade do que se sente enquanto encarnado dependerá do grau evolutivo do espírito e, para entender o motivo pelo qual não nos sentimos num cárcere, será preciso avaliar em que grau se encontra.

Por "grau evolutivo" devemos entender como sendo o nível de compreensão da realidade como ser espiritual e, também, que todos fazem parte de um processo que costuma-se denominar de "Criação", sendo todos merecedores de respeito, funcionando como um organismo único, onde todos trabalham pelo bem de todos.

Dividiremos, simplificando para fins deste estudo, em dois graus evolutivos distintos: um acima de um limiar e outro abaixo. Para ambos os casos encontramos esclarecimentos de comportamento na resposta da questão 402.


1) Espíritos acima do limiar

“O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem... Ainda esta circunstância é de molde a vos ensinar que não deveis temer a morte, pois que todos os dias morreis... .Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados.”


2) Espíritos abaixo do limiar

“Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, na incerteza de que tantos já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós...”


Vemos que, segundo a informação trazida pelos espíritos responsáveis pela Codificação, para aqueles que se reconhecem como espírito, o sono é uma oportunidade de se juntarem aos mais evoluídos que eles, aproveitando para maior aperfeiçoamento. O que esses espíritos anseiam é pela possibilidade de trabalhos mais elevados, portanto, a ligação com o corpo é um tipo de cárcere.

Em contrapartida, para muitos dos espíritos ligados ao nosso planeta, a vida orgânica é tudo o que conhecem e entretêm interesse, sem vislumbrar a potencialidade como espíritos imortais. Se atendo às questões materiais, permanecem ligado às sensações de prazer mais grosseiras.

Se sentir ou não em um cárcere enquanto no estado de vigília dependerá do tipo de interesse com que a pessoa se ocupa. Assim, melancolia e tristeza inexplicáveis podem não ser negativos, pois dependerá do sentimento experienciado pelo espírito enquanto ligado ao corpo carnal. Uma boa compreensão daquilo que sentimos, o que pode ser alcançado através do autoconhecimento, poderá nos mostrar se o caminho que estamos trilhando é correto ou não, pois, podemos imaginar que, no processo de aprimoramento, sentimentos deste tipo podem surgir.


O SONHO

Outro fenômeno ligado ao sono é o sonho, comumente atribuído à imaginação e fantasias, contudo, não ficava muito bem explicado ou entendido como alguém em estado de inconsciência poderia elaborar processos mentais relativos à fantasia ou imaginação. Todavia, o indivíduo comum não costuma se ocupar com questionamentos deste tipo.

Ainda na questão 402 temos o seguinte:


"O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais. Que quer isso dizer? Que nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis."


Temos, portanto, que o espírito desdobrado, isto é, liberto mesmo que parcialmente do corpo, continua vivenciando experiências (vendo, ouvindo, conversando, transitando, etc) e parte da lembrança destas vivências são lembradas pelo espírito ao despertar, isto é, ao ligar-se novamente ao corpo. Algumas vezes a lembrança parece completa, outras são apenas fragmentos enquanto que, na maioria das vezes, não mantemos qualquer lembrança. A questão 403 esclarece a este respeito:


403. Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

“... Mas, como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.”


Juntando esta resposta com a teoria da psique conforme apresentado pelo psiquiatra suíço Carl G. Jung, podemos encontrar uma explicação muito razoável e, inclusive, serve para explicar o esquecimento de outras vidas durante na reencarnação

Segundo Jung, a psique é formada por três partes principais, a saber: o consciente, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo (que trataremos aqui por inconsciente transpessoal - veja mais detalhes em A Psique ).

Tanto o consciente quanto o inconsciente pessoal são partes da psique que estão ligadas diretamente ao cérebro físico. Em contrapartida, o inconsciente transpessoal não está ligado diretamente ao cérebro físico e esta região da psique que utilizaríamos durante o sono. Estando dissociado do cérebro físico, não seria percebido no estado de vigília.

Como há interação entre as regiões, ocorre que parte do conteúdo de uma pode ser percebido pela outra, assim, lembranças ocorrem, interpretadas como sonhos. A clareza e completude da lembrança dependerá da intensidade da interação.







INTERESSE PESSOAL E O DISCERNIMENTO


22/01/2015

Ainda estamos nas primeiras semanas do ano novo (2015) e já nos encontramos diante de alguns grandes conflitos que, muitas vezes, em decorrência das várias opiniões divulgadas na mídia, seja através de organizações de notícias oficialmente estabelecidas, particulares em redes sociais, como o Facebook, ou, ainda, de blogueiros, tal como este site. Todos querem contribuir de alguma forma.

Todavia, nem todas as opiniões expressas são adequadas. A adequabilidade da opinião não está relacionada com o fato de ser proveniente de uma pessoa conhecida ou conceituada. Todos estamos sujeitos a falhar, sem exceção, seja em uma decisão ou em uma análise de um fato qualquer. Diante disto, a avaliação decorrente do próprio indivíduo deve prevalecer e, para minimizar a possibilidade de falha, vários ângulos de um mesmo ponto devem ser considerados, para isso, podemos até considerar as diferentes posições.

Numa avaliação pertinente, algumas questões precisam ser respondidas:


1)O que realmente deve ser combatido e por qual motivo uma manifestação é realmente válida? Eventos com uma morte? Dez? Cem? Quinhentas?
2)Liberdade de expressão deve ser limitada? Pode-se matar por algo escrito?
3)Aumento de R$0,20? R$0,40?
4)Corrupção de R$1,00? R$1000,00? R$1000000,00? R$1000000000,00?
5)Assassinato é crime? E infligir risco de vida ao outro, tal como dirigir bêbado ou avanço de sinal de trânsito?



Quando colocamos os principais eventos de 2015 que foram notícia e as reações coletivas ou individuais e dos governantes e líderes, percebemos que não existe um padrão definido para o que é certo ou errado, adequado ou inadequado. Desta forma, quando tentarmos tirar conclusões sobre determinado evento, analisando apenas o que é dito por outras pessoas, sejam quais forem, simplesmente não conseguimos equacionar uma solução.

Todavia, é possível identificar certa tendência de muitos em abrir mão de qualquer postura pessoal, deixam-se levar pelo posicionamento de partidos políticos ou religiosos, seguindo, sem questionamentos, aqueles que consideram seus líderes. Esta posição é uma das mais perigosas, mais ainda do que não conseguir elaborar uma postura pessoal, pois aqueles vinculados ao grupo passam a apresentar o comportamento de manada, desprovidos de personalidade.

Não deveria existir quantidade aceitável de mortos, um ou um milhão deveria causar a mesma reação das pessoas e entidades, sejam governamentais ou não. Quando assim o for, não existirão mais atentados, crimes, furtos, avanço de sinal de trânsito ou corrupção de qualquer nível por haver a possibilidade de causar dano à outrem.

Toda a discussão de questões desta ordem se deve ao fato de que a humanidade ligada ao planeta, no seu atual estágio evolutivo, ainda não consegue valorizar a vida pela vida apenas, tudo gira em torno de nossos interesses pessoais. Desta forma, uma vida terá valor apenas para aqueles que estejam ligados emocionalmente com ela, isto é, onde existir o interesse pessoal.

Temos a tendência em achar que "pouca coisa" não faz mal e seguimos nossa vida expondo os outros por causa de um minuto esperando o sinal ou entrar na contra mão para não dirigir por mais um quilômetro ou menos. Depois, com o tempo, a gente se acostuma e passamos a querer "poupar" dois minutos ou dois quilômetros e, assim, a vida segue, até chegar na casa dos milhões de reais ou tirar a vida de pessoas pelo que elas falam ou pensam. Perde-se a noção do limite.

Não adianta criticar o outro por fazer o inadequado maior ou mais frequente que nós.

Ninguém ligado a uma religião deveria legitimar um evento como o que ocorreu em Paris, corrupção ou transgressões de qualquer nível, especialmente aqueles ligados ao Cristianismo ou aos ensinamentos de Jesus, pois seu exemplo foi ser agredido fisicamente e condenado à morte sem reagir. Lembremos que o Espiritismo é ligado aos ensinamentos de Jesus, portanto cabe também a nós a não proliferação do mal.







ESPAÇO UNIVERSAL


02/01/2015

A teoria científica atualmente aceita para a formação do universo diz que sua origem é decorrente de um determinado evento, denominado de "A Grande Explosão", mais conhecido em inglês como "Big Bang". Esta explosão, contudo, não deve ser considerada como a detonação de uma granada, por exemplo, em que os pedaços da granada se expandem no espaço circundante.

O Big Bang, segundo a teoria, seria a expansão do próprio espaço. Isto significa que, na visão científica, o espaço não existia, assim como o tempo, que teve seu surgimento, ou seu início, neste mesmo evento.

Desta forma, devemos considerar dois pontos importantes: 1) o universo teve um início e; 2) podemos considerar que o espaço não é infinito.

Todavia, segundo a questão 35 d'O Livro dos Espíritos temos o seguinte:


Pergunta: O espaço universal é infinito ou limitado?

Resposta: “Infinito. Supõe-no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isto te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis compreendê-lo.”


Kardec, no sentido de viabilizar a perpetuação do Espiritismo como uma doutrina que deveria se manter atual mesmo no futuro sem, contudo, estabelecer ou estimar um “prazo de validade”, diz que a doutrina que surgia deveria "encarar a razão em todas as épocas da humanidade". Assim sendo, podemos analisar a informação disponível no sentido de compatibilizar as teorias espírita e a científica sem que haja qualquer dano tanto a uma quanto a outra.

Precisamos, portanto, estabelecer uma distinção entre a Criação com “C” maiúsculo e a criação com “c” minúsculo. Por “Criação” entende-se toda obra em que Deus opera diretamente, como na Criação de espíritos; enquanto que por “criação” deve-se entender tudo o que é operado pelos seres inteligentes da Criação, isto é, os espíritos.

André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, no Cap. 1, define esta ideia diferenciando entre “Criação” e “co-criação”. Em linhas gerais, Deus cria, enquanto o espírito, atuando sobre o que foi criado previamente, tal como o fluido, co-cria. A co-criação é temporária, tem um tempo de vida útil que dependerá do grau evolutivo do espírito atuante, enquanto que a Criação transcende o tempo.

André Luiz categoriza, ainda, a co-criação em dois níveis: "plano menor" e "plano maior". A co-criação em plano menor está relacionada com a formação do perispírito e corpo físico por parte dos espíritos que ainda necessitam encarnar, enquanto que a co-criação em plano maior está relacionada com o trabalho desenvolvido pelo espíritos superiores, mais especificamente na formação do universo conhecido. Temos, então, nas próprias palavras de André Luiz: “Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.”

O conceito de co-criação claramente apresentado por André Luiz é uma abordagem mais abrangente da teoria dos fluídos que permeia os livros da Codificação como um todo e mais enfaticamente n'O Livro dos Médiuns, Parte Segunda, Cap. VIII - Do Laboratório do Mundo Invisível e no livro A Gênese, Cap. XIV - Os Fluidos.

Considerando que o fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas, o espaço e o tempo como conhecemos também devem ser considerados como expressões do fluido universal, tal como a matéria. Portanto, pode-se conceber o surgimento de ambos a partir do Big Bang, tendo um ponto de partida para sua existência.

Neste sentido, podemos estabelecer uma distinção entre o Universo de Deus e o universo conhecido. O Universo de Deus é infinito em todos os sentidos, inclusive espaço e tempo que, neste caso, possuem uma conotação completamente diferente daquele que concebemos. Em contrapartida, segundo a teoria tanto científica quanto espírita, o universo conhecido é finito em todos os sentidos, inclusive o espaço e o tempo como o concebemos.


Artigo originalmente publicado no Jornal Carreio Espírita em agosto de 2014