Sobre Espiritismo    
Claudio C. Conti    

  


Página principal



Textos 2008

Textos 2009

Textos 2010

Textos 2011

Textos 2012

Textos 2013

Textos 2014

Textos 2015



Igualdade? -Só com Respeito

Igualdade de Direitos

Estados da Matéria

Deus e Espírito

Matéria Viva

Perdão, Orgulho, Caridade e Egoísmo

Escolha das Provas

Lei da Destruição

Fluido Vital

Cuidados com as Ideias Inatas

IGUALDADE? - SÓ COM RESPEITO


18/10/2016

No texto anterior, abordamos a igualdade de direitos entre homens e mulheres, incluindo, também, as diversas orientações sexuais. Contudo, este mesmo tema pode ser abordado de forma ligeiramente semelhante, mas com uma conotação muito diferente: IGUALDADE? - SÓ COM RESPEITO

Kardec aborda a igualdade, como uma lei, entre os seres na terceira parte, Cap. IX, de O Livro dos Espíritos. Este tema, contudo, deveria fazer parte da história e ser apresentado muito mais como curiosidade do passado, a forma como os povos antigos pensavam, do que uma necessidade atual propriamente dita. Porém, infelizmente, é um tema atual e, por isso, precisa ser debatido para que a sociedade possa se acostumar com a ideia e agir em concordância.

A igualdade vem sendo debatida há algum tempo, e a abordagem mais comum é a que deve existir entre homens e mulheres, todavia, deve ser bem mais abrangente e considerar Vamos abordar este tema, não apenas entre homens e mulheres, mas incluir as várias orientações sexuais encontrados no seio da sociedade.

Com relação à orientação sexual, não nos cabe, neste texto, abordar motivos, validade ou qualquer outra questão que não seja a igualdade de direitos como seres humanos. O fato de se concordar ou discordar de outros não impede, em um país democrático, a livre expressão. Contudo, a livre expressão deve sempre se manter dentro de certos limites para que não comprometa os direitos alheios. Isto é, a busca dos direitos de um determinado grupo, não lhe faculta ultrapassar os direitos alheios.


Um fato crucial em toda manifestação é que deveria primeiramente respeitar para que possa, através do exemplo, cobrar o respeito que mereça. Quanto aos limites, estes não devem, ou não deveriam, ser impostos pela força, pois, mas pela educação, esta sim é que imporá os limites e a forma desta expressão pacificamente. Portanto, educar os seus cidadãos deveria ser o ponto principal em qualquer país.

Independentemente de sexo ou orientação sexual, todos somos espíritos, filhos de Deus, e, por este motivos, iguais perante o Pai. Se Deus, em sua bondade infinita, ama a todos igualmente, quem somos nós para impor uma escala de preferências?

Contudo, independente de tudo e qualquer coisa, continuamos a estabelecer níveis ou graus de importância, e isto se deve ao fato de não nos enxergamos como iguais. Assim, sob este aspecto distorcido de nossa visão, podemos incluir a diferença racial e social no debate sobre igualdade de direitos.

A pergunta que surge naturalmente é: Qual o motivo pelo qual nos consideramos melhores ou mais importantes do que os outros?

A partir desta pergunta principal, surgem outras mais: Qual é nosso comportamento com relação aos direitos alheios? Devem ser tratados diferentemente aquele que deseja comprar um automóvel último modelo daquele que necessita de um pão? Como devemos interpretar a igualdade entre homens e mulheres? Será que significa que as mulheres devem se comportar como os homens? O comportamento dos homens é tão adequado assim que merece ser copiado?

A igualdade deve ser abordada de forma diferente, pois não se deve buscar o nivelamento com um sistema corrompido, que já traz um histórico de segregação dos mais diversos - gênero, raça, condição social, dentre outras. Portanto, diante da grande oportunidade que se vivência, diante da existência de uma mentalidade sobre a necessidade de mudança, o trabalho deve ser voltado para se estabelecer uma condição mais adequada, com o respeito mútuo de todos para com todos.

Contudo, verifica-se que muitos buscam apenas uma “troca de poder”, para fazer com outros o mesmo à que foi submetido. É a necessidade de poder sobre as outras criaturas e não a igualdade. Orgulho e egoísmo são duas chagas da humanidade a se perpetrar ainda na sociedade.







IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEM E DA MULHER


07/10/2016

Este é um tema que deveria fazer parte da história e ser apresentado muito mais como curiosidade do passado do que uma necessidade atual. Contudo, ainda continua atual e necessita ser muito trabalhado na mente da população.

Porém, é preciso ser mais abrangente de forma a abordar este tema, não apenas entre homens e mulheres, mas incluir as várias orientações sexuais encontrados na sociedade. Com relação à esta diversidade, não nos cabe discutir motivos, validade ou qualquer outra questão que não seja a igualdade de direitos como seres humanos. O simples fato de se concordar ou discordar de outros não impede, em um país democrático, a livre expressão. A educação é que imporá os limites e a forma adequada para esta expressão, não é a imposição.

Independentemente de sexo ou orientação sexual, todos somos espíritos, filhos de Deus, e, por este motivos, iguais perante o Pai. Se Deus, em sua bondade infinita, ama a todos igualmente, quem somos nós para impor uma escala de preferências?

Contudo, independente de tudo e qualquer coisa, continuamos a estabelecer níveis ou graus de importância por não nos enxergarmos como iguais. Desta forma, sob este aspecto distorcido de nossa visão, podemos incluir, ainda, a diferença racial e social.

Por que nos consideramos melhores ou mais importantes do que os outros? Qual é nosso comportamento com relação aos direitos alheios? Deve ser tratados diferentemente aquele que deseja comprar um automóvel último modelo daquele que necessita de um pão? Como devemos interpretar a igualdade entre homens e mulheres? Será que significa que as mulheres devem se comportar como os homens? O comportamento dos homens é tão adequado assim que merece ser copiado?

Muitos são os questionamentos que apenas uma profunda análise individual poderá conduzir o indivíduo à percepção da realidade espiritual concernente a todos os seres vivos.

Jesus, o modelo e guia da humanidade deixou, dentre tantos, o seguinte ensinamento: "Sede, pois… perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.”

No atual estágio da humanidade ligada ao planeta Terra, ainda não é possível entender a perfeição da divindade, pois, como diz Kardec no livro A Gênese, "ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito”.

A perfeição de Deus é, por nós, avaliada segundo as nossas próprias limitações ou falhas. Portanto, com a compreensão das nossas limitações e falhas é viável o esforço para promover melhorias e “nos aproximarmos da divindade”.

Contudo. é imperioso o entendimento de que, juntamente com os direitos, surgem os deveres que, muitas vezes, são esquecidos.







ESTADOS DA MATÉRIA


11/07/2016

As fases ou estados físicos da matéria mais conhecidos são: sólido, líquido, gasoso; dois outros estados não tão conhecidos são o plasma e o condensado de Bose-Einstein. Estes dois últimos foram descobertos mais recentemente e são formados em condições específicas que não fazem parte da vida cotidiana.

Os estados sólido, líquido e gasoso estão relacionados com o espaçamento entre as moléculas e o nível de vibração em que se encontram. O exemplo clássico e muito conhecido é a água, pois, gelo, água para beber e vapor d'água fazem parte integrante de nossas vidas. Nestas três situações o composto químico é o mesmo, porém suas moléculas se encontram em diferentes condições de energia.

O quarto estado da matéria foi descoberto pelo cientista William Crookes, inicialmente denominado de "estado radiante da matéria", mas, foi substituído pelo nome de plasma. O plasma é similar ao estado gasoso, porém uma parte das moléculas estariam ionizadas, isto é, perderam ou receberam um elétron, o que pode ser decorrente de aquecimento, por exemplo. O plasma é encontrado no sol e lâmpadas de néon.

O condensado de Bose-Einstein é formado por alguns fluidos em muito baixa temperatura quando ocupam o mesmo estado quântico. Em tal condição todos os átomos se comportam como se fossem um único átomo. Estas propriedades ainda não são completamente conhecidas.

As fases citadas são reconhecidas e descritas pela ciência acadêmica, por assim dizer. Contudo, a ciência espírita apresenta dois outros estados, se é que podemos nos referenciar desta forma, para a matéria na condição dos encarnados: matéria "viva" e matéria "morta".

Tomemos uma mesa, por exemplo, no estado mais comum, a matéria que a constitui pode ser considerada como "morta". Todavia, mediante a adição de certa quantidade de fluido vital, aquele corpo que se caracteriza como uma mesa adquire propriedades especiais que a caracteriza no estado de "viva" podendo, nesta condição específica, sofrer a ação de um espírito e se comportar segundo a vontade deste.

Na edição de maio de 2015 do Jornal Correio Espírita, no estudo intitulado Matéria Viva, concluímos que "por 'matéria viva' deve-se entender como matéria que está combinada com fluido vital, componente que lhe confere condições para que o espírito possa interagir, seja momentaneamente, como nos fenômenos físicos, ou por períodos mais longos, como nas reencarnações."

Na tentativa de apresentar uma comparação para demonstrar o conceito que se deseja apresentar, podemos dizer que para transformar o estado da água líquida em vapor é necessário ceder calor à massa de água, enquanto que, para transformar o estado de matéria morta em viva de um corpo qualquer é necessário ceder fluido vital.

Logicamente que a Doutrina Espírita apresenta outras fases para a matéria, são as diferentes condições de expressão do fluido numa gama de variedades sem par. Todavia, estas fases são ainda de difícil entendimento e, mais que isso, ainda sem possibilidades de serem observados pelos meios atualmente disponíveis.

O fluido vital, por sua vez, se distingue dos outros derivados do fluido cósmico, pela possibilidade de seus efeitos serem percebidos mais facilmente no nosso meio, tal como nos tratamentos espirituais ou nas mesas girantes. Em decorrência desta possibilidade, pode ser observado e quiçá analisado em sua forma mais próxima da matéria densa para, gradativamente, em conformidade com o avanço do conhecimento, ser possível analisar a composição de suas expressões mais sutis.

Cabe ao Espiritismo essa vanguarda, pois este tipo de fluido, assim como os fenômenos correspondentes, repousam nos eventos espíritas que já foram motivo de estudos por uma parte grande de cientistas de outrora, no período em que esta Doutrina estabeleceu as leis que regem o fluido e nos anos que se seguiram.

Temos, nas palavras de Gabriel Delanne, no livro O Espiritismo Perante a Ciência, o seguinte relato do movimento científico, da sua época, com relação ao estudo dos fenômenos espíritas: "O Espiritismo deixa de parte as teorias nebulosas, desprende-se dos dogmas e das superstições e vai apoiar-se na base inabalável da observação científica; os próprios positivistas poderão declarar-se satisfeitos com as provas que fornecemos à discussão, porque elas nos são trazidas pelos maiores nomes de que se honra a ciência contemporânea." e "Hoje, mais de 40 publicações, mensais ou semanais, levam ao longe o resultado das pesquisas empreendidas em todas as partes do mundo, e seus partidários, grupados e, sociedade, contam muitos milhões de aderentes em toda superfície do globo".

Infelizmente, em algum momento, nós, como espíritas, nos perdemos desse caminho de desenvolvimento e divulgação do Espiritismo como uma ciência que dispõe de possibilidades que vão além daquelas ao alcance da Ciência Acadêmica ou Convencional, deixando de cumprir um imperioso papel na evolução humana.


Artigo originalmente publicado no Jornal Correio Espírita em julho/2016.







DEUS E ESPÍRITO


23/05/2016

O Espiritismo traz, em seu corpo doutrinário, uma série de princípios básicos que servem para nortear os ensinamentos de que se compõem. Podemos resumir estes princípios em seis principais:


1. Existência de Deus;
2. Existência de espíritos;
3. Imortalidade da alma;
4. Pluralidade das existências;
5. Pluralidade dos mundos habitados;
6. Comunicabilidade dos espíritos.


Apesar de, à primeira vista, parecerem distintos um do outro, na prática do estudo o que se verifica é que são completamente dependentes, pois as características de um estabelecem as características dos outros. Desta forma, na análise à seguir, dois itens serão abordados em conjunto para melhor entendimento da questão.


EXISTÊNCIA DE DEUS & EXISTÊNCIA DE ESPÍRITOS


Encontramos em O Livro dos Espíritos importante material para o entendimento dos princípios básicos do Espiritismo, a começar pelo próprio Deus e do que podemos tratar como o seu correlato: o espírito.

Assim, Kardec aborda a questão de Deus logo no primeiro capítulo do livro citado, enquanto que a questão do espírito é assunto para o capítulo seguinte.

Salientamos, desta forma, duas perguntas, com as respectivas respostas, sobre Deus:


1. Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?
“Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”


De forma muito interessante, Kardec apresenta perguntas similares com relação ao espírito:


23. Que é o Espírito?
“O princípio inteligente do Universo.”

a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
“Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”


Diante de perguntas similares com relação à Deus e ao espírito, percebe-se o entendimento de Kardec sobre estes dois temas, demonstrando que o Codificador possuía uma ideia já definida e buscava, obviamente, maiores esclarecimentos com aqueles que detinham maior conhecimento, que eram os espíritos responsáveis pela Codificação.

Contudo, a similaridade das respostas apresentadas é ainda mais interessante, pois, de alguma forma, demonstra que Kardec estava correto em seu entendimento.

Comparando as perguntas e respostas temos:





Percebe-se, pelas questões 1 e 23, a correlação entre Deus e espírito, pois ambos estão relacionados com o fator “inteligência”. Enquanto o primeiro é a inteligência suprema, o segundo é o princípio inteligente do Universo. Apesar das respostas denotarem uma hierarquia em termo de “inteligência”, ainda é muito subjetivo, pois não haveria meios de balizar, ou diferenciar, entre inteligência suprema e princípio inteligente do Universo.

Esta dificuldade de se avaliar e distinguir, o que vamos chamar de, os dois tipo de inteligência fica claro nas respostas às questões 3 e 23a ao dizerem que nos falta material base para o entendimento destes temas.

Desta forma, não haveria sentido em considerar um sem a existência, ou independentemente, do outro. O conceito de Deus como inteligência suprema somente é válido quando há algum tipo de comparação com aqueles que lhe são inferior, isto é, quando se considera a existência do espírito. Por sua vez, o conceito de espírito como princípio inteligente, se referindo à um tipo de essência e não à inteligência em si mesma, somente é válido quando se considera algum tipo de inteligência em si mesma.

Similarmente, os outros princípios básicos são decorrentes da essência mesma de Deus e do espírito, não podendo ser analisados separadamente.







MATÉRIA VIVA


18/04/2016

Ao analisar o termo "matéria viva", fico um tanto intrigado, pois não sei se é o caso de uma metáfora ou de uma prosopopéia. Tanto metáfora quanto prosopopéia são figuras de linguagem utilizadas como recursos nos casos de não existirem termos adequados para expressar uma ideia; "metáfora" é uma comparação implícita, enquanto que "prosopopéia" é a atribuição de características humanas à coisas.

Em geral, sob a ótica religiosa/espiritualista, a matéria não tem vida, pois quem vive é a alma (espírito). Em contrapartida, no ponto de vista científico/materialista, a vida é observada como uma manifestação de matéria em certas condições, as quais não são reproduzíveis em laboratório, portanto, esta manifestação de vida é decorrente de um processo ainda desconhecido.

O Espiritismo fornece a informação necessária e suficiente para o entendimento racional deste processo que envolve o ser que vive - o espírito - e a ferramenta com a qual se manifesta - a matéria, ligando conceitos aparentemente antagônicos para formar um corpo de ideia entre as teorias monista e dualista.

A questão de número 61 d'O Livro dos Espíritos esclarece quanto a unidade de características da matéria orgânica e da inorgânica, reduzindo a um denominador comum, isto é, ambas são apenas matéria. Nesta mesma questão, os espíritos usam o termo "animalizada" para o corpo orgânico não inerte. No artigo intitulado O Átomo de Carbono, publicado no Jornal Correio Espírita em abril de 2015, apresentamos e mais detalhes o que são matéria orgânica e inorgânica.

Assim, "animalizada" seria o termo utilizado pelos espíritos para distinguir um corpo inerte daquele que aparenta estar vivo. Para que haja a vida aparente é necessário a combinação da matéria orgânica com um outro componente: o fluido vital. A animalização, portanto, é decorrente da relação entre matéria e fluido vital e não de um ou outro componente separadamente, contudo, ambos tem uma origem comum: o fluido cósmico.

Sendo um agente, e não o próprio corpo, o fluido vital pode ser emanado pelo corpo, assim, seus efeitos foram observados por muitos estudiosos anteriores e contemporâneos de Kardec. Em decorrência do fato de que se sabia muito pouco sobre a eletricidade e o magnetismo (aquele da atração e repulsão de certos materiais), havia a tendência de se creditar o que não era conhecido como sendo fenômenos elétricos ou magnéticos. Desta forma, os fenômenos decorrentes da exteriorização de fluido vital por certas pessoas eram tidos por forças elétricas ou magnéticas, cunhando os termos "eletricidade animal" e "magnetismo animal".

O Espiritismo informa sobre a existência do fluido cósmico; diz que este fluido apresenta "propriedades especiais" que o diferem da matéria, contudo, ainda é a base da matéria. Trouxe, ainda, o conceito de "fluido" em referência à estados da matéria mais sutis que sua forma mais bruta conhecida na Terra. Como poderia ser esperado, surgiram os termos "fluido magnético" e "fluido elétrico", utilizados inclusive pelo próprio Kardec, em referência à matéria sutil de qualidade específica que é emanado pelo ser encarnado. Contudo, questionando os espíritos a este respeito, na questão número 65, também d'O Livro dos Espíritos, Kardec obteve esclarecimentos à respeito:


65. O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?

“Ele tem por fonte o fluido universal. É o que chamais fluido magnético, ou fluido elétrico animalizado. É o intermediário, o elo existente entre o Espírito e a matéria.”


Portanto, os espíritos responsáveis pela Codificação Kardequiana deixam claro que fluido elétrico ou magnético animalizado se trata do próprio fluído vital. O uso de terminologia única, em conformidade com a orientação espiritual, facilitaria o estudo e evitaria dificuldades de entendimento sobre esta questão.

Similarmente, os termos "magnetismo" e "magnetização", ainda muito utilizados no movimento espírita, deveriam ser substituídos pela terminologia apresentada no Pentateuco, que seriam "fluido" e "emissão de fluido", respectivamente. O último, quando direcionado a alguém, pode ser traduzido por "doação de fluido", pois evitaria a interpretação equivocada e a natural comparação com o magnetismo como conceituado no âmbito da Física.

Portanto, por "matéria viva" deve-se entender como matéria que está combinada com fluido vital, componente que lhe confere condições para que o espírito possa interagir, seja momentaneamente, como nos fenômenos físicos, ou por períodos mais longos, como nas reencarnações.

A análise destas considerações nos leva à compreensão de que a matéria orgânica, quando ligada ao espírito, apresenta a possibilidade de produzir/assimilar/reter o fluido vital, enquanto a matéria inorgânica apenas pode ser impregnada para uso momentâneo.


Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em junho de 2015







PERDÃO, ORGULHO, CARIDADE E EGOÍSMO


29/03/2016

Algumas características comuns à espíritos ligados ao nosso planeta como um mundo de expiação e provas necessitam ser trabalhadas para, gradativamente, diminuírem de intensidade. Em contrapartida, outras características ainda são muito insipientes e, por isso, necessitam ser trabalhadas apra, também gradativamente, aumentarem de intensidade.

Obviamente que as características que necessitam diminuir de intensidade até desaparecerem completamente são as negativas, enquanto que, as positivas, devem aumentar.

Analisando o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, fonte de informação necessária para o aprimoramento pessoal, onde são citados e analisados toda a informação necessária para o espírita sobre os ensinamentos de Jesus, como bem colocado por Kardec longo no início da Introdução, encontrão-se: 127 citações ao orgulho, 54 ao egoísmo, 31 ao perdão e 232 à caridade.

Desta forma, podemos estabelecer que duas características principais à combater e duas outras para desenvolver. Temos, portanto, a impressão, à primeira vista, de que são quatro caracterísitcas com as quais devemos trabalhar.

Em estudos desenvolvidos com o auxílio de mentores espirituais, através da psicofonia, recebemos orientação de como proceder com relação ao nossos desejos de transformação pessoal.

É muito comum o indivíduo manter o foco principalmente para evitar de dar vazão às más tendências, todavia, segundo a orientação recebida, o foco maior deve ser em realizar ações virtuosas, pois, assim, a mente está voltada para o bom, fortalecendo este padrão e, automaticamente, diminuindo o outro. Podemos, então, analisar as quatro características citadas anteriormente sob este prisma.

O perdão está atrelado à ofensa, pois, somente há perdão quando há o ofendido; sem o ofendido não há perdão. Assim, podemos dizer que Deus, Jesus e nossos mentores não se sentem ofendidos, portanto, não necessitam perdoar.

Na oração dominical, tal qual ensinada por Jesus, consta uma seguinte súplica à Deus: "Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam”. Neste contexto, Jesus atrela o perdão que será recebido por aquele que ora na mesma medida em que perdoa as ofensas; caso esta pessoa não se ofenda e, assim, não necessite perdoar, também não necessitará do perdão, pois, Deus não se ofendendo, também não perdoa. Esta oração é um chamamento pessoal.

Portanto, o perdão é um mecanismo para não focar na ofensa, mas na ação virtuosa - o perdão.

Fazer caridade está atrelada à uma situação ou condição superior e o ensinamento “Fora da caridade não há salvação” estaria atrelado a necessidade de sempre haver alguém em situação ou condição inferior.

Donde se conclui que a caridade não pode ser algo que se faz.

Paulo apresentou um extenso conceito à respeito da caridade, o qual consta do capítulo XV - FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO, de O Evangelho Segundo o Espiritismo:


6. Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; - ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. - E, quando houver distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.

A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; - não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade.


Além da caridade não ser algo que se faça, também não é algo que se possua, mas um estado pessoal que se estabelece. Pelo ensinamento de Paulo podemos perceber que a caridade em si é um sentimento, o moto da ação, e não a ação em si ou por si mesma.

Em resumo, podemos estabelecer que, ao invés de quatro características à serem trabalhadas, apenas duas devem ser o foco de atenção de todo aqueles que trabalha pela sua transformação pessoal.

É preciso desenvolver a caridade e o perdão e inibir o orgulho e o egoísmo. Não são atos, mas sentimentos; os atos são consequência dos sentimentos.

Focando em desenvolver o perdão, forçosamente diminuirá o orgulho, a ofensa está atrelada ao orgulho; focando em desenvolver a caridade, forçosamente diminuirá o egoísmo. Assim, é necessário manter o foco em duas características apenas: o perdão e a caridade.







ESCOLHA DAS PROVAS


05/03/2016

Em O Livro dos Espíritos encontramos amplos questionamentos de Kardec com relação ao processo de escolha das provas que o espírito vivencia durante a encarnação, sendo que, estas escolhas, a princípio ocorrem antes de reencarnar. Contudo, ao nos depararmos com este tema, duas coisas inicialmente vem à mente:

1) Eu não escolhi ser criado;
2) Vou escolher as mais fáceis.


Optar pelas provas mais fáceis é um pensamento tão naturalmente para um espírito ligado ao mundo de expiação e provas que ocorreu, até mesmo, para Kardec, tanto que ele apresentou a seguinte pergunta:


LE 266. Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas?

“Pode parecer-vos a vós; ao espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar.”


Vemos, pela resposta apresentada à Kardec, e a todos os adeptos do Espiritismo, que a opção pelas provas mais fáceis está associado, ainda, ao entendimento do espírito que, estando ligado à matéria, conduz a sua vida pelos sentidos físicos, crendo que a vida se resume na satisfação dos seus desejos que o fazem sentir prazer.

Todavia, quando se encontra na condição de desencarnado, além da natural ampliação do entendimento em decorrência da possibilidade de enxergar além da vida material, percebe que as consequência das suas opções de vida não o conduz à condição de prazer que buscou ao longo de tantos anos. Tem-se, desta forma, melhor noção do que significa ser parte da Criação.

Isto falando da escolha das provas mais fáceis. Com relação ao espírito pensar que não pediu para ser criado, no nível evolutivo que nos encontramos não temos, ainda, uma resposta precisa e, talvez, nem mesmo satisfatória sob o ponto de vista lógico.

Ainda estamos longe de compreender os desígnios de Deus em sua totalidade, porém, sempre incorreremos em equívocos de entendimento todas as vezes que desviamos dos caracteres básicos da divindade e que são apresentados n’O Livro dos Espíritos, capítulo 1 parte 1, e A Gênese, capítulo 2.

As características principais de Deus que conseguimos conceber são a infinita bondade e a infinita justiça. Desta forma, podemos inferir que o processo de Criação por parte de Deus deve contemplar muitas outras questões além daquela que um espírito encarando em um mundo de expiação e provas, como a humanidade da Terra, pode conceber. A partir do momento em que passamos a ver Deus como sendo infinitamente justo e bom somente poderemos conceber a imortalidade dos espíritos.







LEI DA DESTRUIÇÃO


19/02/2016

O capítulo IV da terceira parte de O Livro dos Espíritos é muito intrigante e, ao mesmo tempo, causa um desconforto em decorrência da possível interpretação equivocada do seu conteúdo, pois, pode-se concluir que a destruição seja uma das leis. Por este motivo, necessita de muita cautela no seu estudo.

Este capítulo aborda os seguintes temas:

1. Destruição necessária e destruição abusiva< br> 2. Flagelos destruidores
3. Guerras
4. Assassínio
5. Crueldade
6. Duelo
7. Pena de morte


Este texto abordará apenas o primeiro item deste capítulo, pois seria a porta de entrada para o tema e, a partir de uma introdução cuidadosa, visando o entendimento o mais correto possível, facilitará o estudo dos itens seguintes. Iniciando, então, com a primeira questão do capítulo, tem-se:



 728. É lei da Natureza a destruição?

“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”


Percebe-se nesta pergunta que Kardec deseja a informação sobre a natureza da destruição, isto é, sua origem mais básica. A natureza seria a origem das necessidades mais básica que que se possa conceber, tais como alimentação e reprodução. Portanto, Kardec questiona diretamente se a origem da destruição é uma lei da natureza.

Apesar dos espíritos não afirmarem claramente se tratar de uma linda natureza, eles abordam a necessidade da destruição, isto é, do término de um processo ou algo, para que o novo possa surgir. Assim, a destruição é apresentada como uma necessidade.

Em vista disto, é necessário então atentar para o que eles estão considerando como destruição nesta resposta. Verifica-se, na mesma resposta que eles esclarecem que aquilo que se considera como “destruição" é, na verdade, uma “transformação”.

Então, a transformação é uma necessidade e não a destruição no entendimento comum.

Seguindo no estudo do tema, a questão seguinte traz mais esclarecimento:


729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a Natureza de meios de preservação e conservação?

“A fim de que a destruição não se dê antes de tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. …”


Substituindo “destruição” por “transformação, lê-se:


729. Se a regeneração dos seres faz necessária a transformação, por que os cerca a Natureza de meios de preservação e conservação?

“A fim de que a transformação não se dê antes de tempo. Toda transformação antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. …”


Na continuação da resposta consta: "Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir."

Verifica-se, portanto, que até este ponto, os espíritos responsáveis por responder Kardec estavam se referindo ao processo reencarnatório, isto é, "transformação" no sentido das etapas envolvidas na reencarnação.

Contudo, a partir da questão 733, transcrita à seguir, é apresentado o significado da Lei da Destruição de forma mais ampla e, em parte, distinta da anterior: a destruição pela destruição.


733. Entre os homens da Terra existirá sempre a necessidade da destruição?

“Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.”


Observa-se que a Lei da Destruição está relacionada com a humanidade ligada ao planeta e não à natureza em si, em outras palavras, a natureza apresenta a necessidade da destruição em decorrência das características apresentadas pela humanidade que interage com a natureza ligada à região espacial, no caso, o planeta Terra.

A Lei da Destruição deve, portanto, não ser analisada como sendo necessário o comportamento comum aos humanos de destruição nos mais variados campos, tais como: a própria natureza, guerras, instituições e, especialmente, uns aos outros.

A Lei da Destruição deve ser aplicada ao próprio indivíduo, isto é, avaliar as consequências com as quais deverá vivenciar em decorrência de suas atitudes danosas.







FLUIDO VITAL


02/02/2016

Ao longo da nossa restrita experiência no movimento espírita, entramos em contato com algumas teorias relativas ao fluído vital, dentre elas, podemos ressaltar: a) o espírito reencarna com uma quantidade fixa de fluído vital que seria consumido com o passar do tempo até que, ao terminar o estoque, ocorreria a morte do corpo e; b) os espermatozoides que não fecundaram o óvulo cederiam o fluído vital a ser utilizado durante a encarnação.

Ambas teorias citadas, cremos, seriam decorrentes de uma outra teoria que preconiza haver um dia e hora definido para a desencarnação do espírito encarnado, seguindo o conceito de que nada acontece por acaso.

Certamente que "nada acontece por acaso", pois as Leis da Providência Divina regem todo o Universo. Porém, a data e hora da desencarnação é decorrente de numerosos fatores, fatores estes que fazem parte ou estão incluídos nas próprias Leis. Contudo, seria um equívoco pensar em uma reserva única de fluido para ser gasto ao longo da experiência carnal, pois encontramos na Codificacao Kardequiana material suficiente para uma ideia mais precisa sobre o modo de funcionamento desta reserva de fluído.

Kardec, no livro A Gênese, Capítulo V - Gênese Orgânica, apresenta um item que trata especificamente do Princípio Vital. Diz ele que "A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar." Portanto, o funcionamento dos órgãos físicos, necessário para a manutenção da vida orgânica, consome fluído, mas também o produzem através da alimentação, respiração, etc. Vale ressaltar o importante componente do pensamento no desenvolvimento salutar ou enfermiço do corpo, que tanto pode auxiliar na produção quanto no consumo excessivo do fluido vital.

Outra comparação, além daquela apresentada por Kardec com relação à roda, seria o modo de funcionamento da bateria de um automóvel. A carga da bateria é consumida pelos sistemas elétricos, como partida do motor, ignição das velas, faróis, etc; em contrapartida, há a produção de energia pelo próprio motor que, funcionando com a queima de combustível, tanto é responsável pelo automóvel se movimentar quanto recarregar a bateria. Temos, portanto, um sistema de consumo e suprimento de energia elétrica que funciona adequadamente até que haja desgaste das peças, interrompendo o processo. No caso do automóvel, é possível a reparação em oficina especializada enquanto houver a possibilidade para tal; no caso do corpo físico, se a medicina não reparar, ocorrerá a morte do corpo.

Ainda no livro A Gênese temos que "Segundo essa maneira de ver, o princípio vital não seria mais do que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa, quando da morte, por se extinguir tal ação."

É a presença deste fluido com características e qualidades bem determinadas e únicas para uma finalidade específica que distingue um composto orgânico sintetizado artificialmente, isto é, preparado através de reações químicas em frascos de laboratório ou tanques industriais, daquele que é decorrente de processos dos órgãos do corpo físico. A ciência humana, até o presente momento, não considera a ação do fluído vital, por não ter, ainda, condições de observação e análise de suas propriedades, apesar de perceber que existe uma diferença entre um mesmo composto obtido das formas mencionadas.

Precisamos estar cientes de que a observação da ação do fluido vital é mais facilmente alcançada na contraposição entre matéria inerte e matéria viva, mesmo que seja uma vida factícia. Existe uma fonte inesgotável de experimentos nos quais a observação da ação deste tipo de fluido é possível, que são os denominados "fenômenos de efeitos físicos", tais como o das mesas girantes quando Kardec constatou a ação espiritual em objetos materiais. Portanto, apesar de não ser muito aceito e há, até mesmo, certo preconceito, pois se acredita que não há mais necessidade para este tipo de evento, estes virão a ser, quando a humanidade estiver predisposta a trabalhar para a sociedade, e não apenas para satisfação pessoal, a pedra fundamental do avanço científico e, por consequência, do avanço moral.

Nota. Os termos "eletricidade animal" e "magnetismo animal" são decorrentes do fato de que, à época de Kardec, tanto a eletricidade quando o magnetismo ainda eram pouco conhecidos e, por isso, alguns fenômenos eram designados por estes nomes. O Espiritismo esclarece a teoria dos fluidos, portanto, sabemos se tratar e um tipo específico de fluido encontrado nos corpos físicos dos encarnados.


Texto originalmente publicado no jornal Correio Espírita em maio de 2015







OS CUIDADOS COM AS IDEIAS INATAS


16/01/2016

Espíritos na condição compatível com um mundo de expiação e provas se caracterizam pelo alto grau de complexidade psíquica a qual, pode-se supor, não seja natural para aqueles que não estejam nesta condição.

A complexidade psíquica pode ser decorrente dos conflitos relacionados com os equívocos e de se manter na busca incessante daquilo que não é compatível com o avanço evolutivo. A ignorância acrescentada dos mais variados estados doentios geram entendimento equivocado do grau de importância que se deve creditar às diferentes situações com as quais nos deparamos ao longo de nossa vida.

Como seres encarnados, a matéria é importante para a manutenção da vida orgânica e, por isso, deve ser considerada nas atividades diárias. Contudo, o excesso não deveria ser a finalidade principal e haveria, desta forma, tempo suficiente para a satisfação de outras necessidades tão ou mais importante, que são aquelas voltadas para o engrandecimento do ser espiritual.

Todavia, o espírito tem em si mesmo a informação daquilo que necessita, inerente ao espírito e através dos diversos ensinamentos disponibilizados ao longo dos séculos.

Os conflitos surgem na contraposição do que se deve ser e o que se deseja quando não estão alinhados no mesmo propósito, portanto, os conflitos são uma imposição pessoal.

Na questão 218 d’O Livro dos Espíritos, Kardec questiona a sobre possibilidade de acesso do acervo psíquico, ou mental, do espírito com relação às aquisições ao longo das várias encarnações:


218. Encarnado, conserva o Espírito algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?

“Guarda vaga lembrança, que lhe dá o que se chama ideias inatas.”


Podemos, desta forma, entender como "vaga lembrança" a possibilidade de acesso, contudo, este não é completo. Em outras palavras, não se tem, salvo raras excessões, a lembrança nítida das suas experiências, vivências e conhecimento como espírito imortal.

Esta capacidade de acesso é necessária para que o progresso seja mais rápido, não tendo que recomeçar do início em cada encarnação, como apresentado na questão 218a:


218a - Não é, então, quimérica a teoria das ideias inatas?

“Não; os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. Em cada nova existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou.”


Esta resposta, todavia, pode causar certa dificuldade de entendimento, pois diz que "em cada nova existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou”, parecendo que mantém o conhecimento consciente em sua totalidade referente à encarnação anterior. Contudo, deve-se entender por "recomeço de onde parou” como sendo a capacidade de entendimento, acelerando, assim, o aprendizado por se tratar mais de relembrar do que aprender propriamente dito.

As ideias inatas são uma realidade para o espírito. Mais comumente se fala no movimento espírita sobre os relatos daqueles espíritos que apresentam uma capacidade intelectual, artística, etc., fora do comum, todos de natureza positiva.

Estes eventos devem ser divulgados com o intuito de demonstrar a existência do acervo como seres espirituais que ultrapassam o tempo. Porém, também deve servir com um importante alerta, pois, se existe o acervo positivo, se podemos nos expressar desta forma, também existe aquele cuja característica é principalmente negativa. Analisando a humanidade atual e as dificuldades com as quais nos vemos a braços, podemos supor que as negativas ainda são mais numerosas.

Todo cuidado é pouco e demanda o exercício do autoconhecimento visando identificar a ideias inatas que caracterizam o indivíduo. Somos espíritos de um mundo de expiação e provas e nossas más tendências são numerosas e ainda intensas.

Um ponto que necessita de especial atenção é o nosso comportamento religioso, pois este traz marcas profundas dos tempos passados onde foi malbaratado em nome de poder e dominação. Com isso, surgem interpretações equivocadas das mais variadas dos conceitos e gera desvios na religião que adere.

Diante disto, a necessidade fundamental do espírita consciente é de manter a referência na obra kardequiana. Kardec, n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, em Objetivo da Obra, ressalta:


“Toda a gente admira a moral evangélica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas máximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e lhe sabem deduzir as consequências. A razão está, por muito, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior número dos seus leitores, é ininteligível. A forma alegórica e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maioria o leia por desencargo de consciência e por dever, como lêem as preces, sem as entender, isto é, sem proveito. Passam-lhes despercebidos os preceitos morais, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossível, então, apanhar-se-lhes o conjunto e tomá-los para objeto de leitura e meditações especiais.”

“É certo que tratados já se hão escrito de moral evangélica; mas, o arranjo em moderno estilo literário lhe tira a primitiva simplicidade que, ao mesmo tempo, lhe constitui o encanto e a autenticidade. Outro tanto cabe dizer-se das máximas destacadas e reduzidas à sua mais simples expressão proverbial. Desde logo, já não passam de aforismos, privados de uma parte do seu valor e interesse, pela ausência dos acessórios e das circunstâncias em que foram enunciadas.”